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Último debate televisionado entre Obama e Romney sobre a política externa

Boca Raton - Barack Obama e Mitt Romney participam na segunda-feira do último debate televisionado sobre a política externa, durante o qual o republicano tentará explorar o recente ataque de Benghazi, na Líbia, para atingir o presidente. Um evento de último minuto pode ser convidado para o debate: um acordo do Irã para conversações diretas com os Estados Unidos sobre seu programa nuclear, segundo informou no sábado o New York Times. Esta informação foi negada por Washington pouco tempo depois.

A 15 dias da eleição de 6 de novembro, Obama e Romney, ainda muito próximos nas pesquisas, vão se encontrar em uma universidade de Boca Raton, na Flórida (sudeste), para o terceiro debate do mês. O presidente perdeu na primeira ocasião, mas se destacou na terça-feira durante a segunda oportunidade.

A política externa, ao contrário da economia, não é considerada um fator decisivo na escolha dos eleitores americanos, exceto em situações graves, como aprendeu Jimmy Carter em 1980, durante a crise dos reféns no Irã, ou George W. Bush, que em 2004 aproveitou a guerra do Iraque.

Obama argumenta que cumpriu suas promessas emblemáticas, como a retirada das tropas do Iraque e o compromisso da transição no Afeganistão, além de obter sucessos contra a Al-Qaeda. O presidente, que em tom irônico discursou durante o jantar de gala na noite de quinta-feira no qual também esteve presente o seu adversário, falou sobre o debate de segunda-feira: "Digo-lhes o final: nós conseguimos Bin Laden". A morte do líder da Al-Qaeda em maio de 2011, neutralizou em grande parte a clássica crítica republicana aos democratas, a de sua suposta fraqueza em assuntos de segurança.

Na segunda-feira, "Barack Obama vai apostar nos pontos conquistados espontaneamente: como comandante-em-chefe, ele ordenou o ataque a Bin Laden, os ataques aéreos com aviões não-tripulados contra (o imã iemenita Anwar) Al-Awlaki e milhares de outros" suspeitos de pertencer à nebulosa extremista, considerou Justin Vaisse, do Brookings Institution e autor de "Barack Obama e sua política externa".

Desde o início da campanha, Romney tenta minar esta imagem, principalmente questionando a estratégia do governo democrata na questão iraniana. Hoje, "o Irã está quatro anos mais perto de uma bomba nuclear", assegurou o republicano durante o segundo debate perto de Nova York. Este argumento, no entanto, pode ser reduzido a nada, caso Teerã se comprometa a negociar, após sua economia ser duramente atingida pelas sanções reforçadas assinadas por Obama em coordenação com alguns membros da comunidade internacional.

Romney, que acusa Obama de ter "abandonado" Israel, também acusa a sua inação na Síria, entre outros eventos violentos da "Primavera Árabe". A estratégia de Obama no Oriente Médio "está desmoronando diante de nossos olhos", disse na terça-feira. O principal assunto com o qual Romney tenta desafiar o presidente em exercício é o ataque que custou a vida de quatro americanos, entre eles o embaixador na Líbia, no dia 11 de setembro em Benghazi (leste). O candidato republicano deve voltar ao caso em Boca Raton, depois de acusar Obama de ter demorado a caracterizar o ataque como "terrorista". Mas essa acusação é falsa, e ele foi repreendido pela moderadora do debate de terça-feira.

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Obama e Romney retomarão na terça pela manhã suas campanhas em um ritmo mais frenético. O presidente planeja visitar seis estados entre terça e quinta-feira, desde a Flórida até Ohio, passando pelo Colorado, Nevada, Virgínia e Illinois. Fora este último, fortaleza de Obama onde vai votar na quinta-feira, esses territórios são considerados potencialmente decisivos em uma eleição organizada estado por estado. Neste jogo, Obama ainda tem uma vantagem sobre o seu adversário, apesar de sua igualdade quase perfeita nas pesquisas nacionais.