São Paulo e Brasília ; Em uma das eleições mais imprevisíveis e disputadas da história recente do país, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) brigam voto a voto para saber quem tomará posse como presidente da República em janeiro de 2015. E, se a busca por aliados no momento atual não altera mais o tempo de televisão, serve para definir um conjunto de parceiros que buscarão influenciar os próprios eleitores até 26 de outubro. Como se diz no jargão eleitoral, uma pessoa, um voto.
Analistas políticos alertam que transferência completa de votos não existe ; o mais próximo do ideal ocorreu em 1989, quando Leonel Brizola pediu para que seus eleitores votassem em Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, a 12 dias do segundo turno das eleições presidenciais, tucanos e petistas munem-se de calculadora para saber com quem podem contar.
Aécio Neves foi o único dos postulantes que recebeu apoios de presidenciáveis após a apuração de primeiro turno. Com a adesão recente de Marina Silva, o tucano tem ao seu lado candidatos que, juntos, receberam 23,4 milhões de votos em 5 de outubro. As contas do comando aecista são de uma transferência na ordem de 70% a 80%, especialmente nos grandes centros urbanos, onde o voto é mais denso pró-Marina e em Pernambuco, após o apoio dado pela família do ex-governador Eduardo Campos.
Os estrategistas da candidatura de oposição também contam com o apoio dos governadores eleitos em primeiro turno e que, livres desde a noite do dia 5 de outubro da tarefa de garantir a própria sobrevivência por mais quatro anos, estão livres para cabalar votos para o tucano.
Em Brasília, Dilma minimizou os apoios mais numerosos conquistados por Aécio no início do segundo turno, especialmente a adesão do PSB e de Marina. ;Acho que a campanha em questão era composta pelo PSB e a Rede. O PSB não apoia totalmente o Aécio nem a mim. Há uma série de pessoas que divergem, como o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho;, citou a presidente. Coutinho disputa o segundo turno contra o candidato do PSDB, Cássio Cunha Lima.
A presidente lembrou que o ex-presidente do PSB, Roberto Amaral, iria encontrá-la ainda ontem para expressar o apoio à sua reeleição. ;Tenho certeza de que o pessoal mais ligado ao ex-governador Arraes nunca estaria com Aécio Neves;, alfinetou a petista. Ela não quis considerar, no entanto, traição o apoio dado pela família de Eduardo Campos a Aécio. ;Não considero traição, mas direito legítimo deles de apoiar quem eles querem;, disse ela, sem confirmar se visitará P;rnambuco antes do término do segundo turno.