Daniela Garcia
postado em 08/10/2014 07:18
Com a meta de conquistar os votos do eleitorado de Marina Silva (PSB) e dos que deixaram de votar no primeiro turno, a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) disse que abrirá mão dos ataques para adotar, na disputa contra Aécio Neves (PSDB), uma edição repaginada do ;Lulinha paz e amor;, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Em encontro da chefe de Estado com governadores e senadores da base aliada em Brasília, o marqueteiro João Santana expôs que o desafio agora é alcançar um eleitorado diferente, que prefere propostas a um bangue-bague entre petistas e tucanos.
No encontro, que durou mais de três horas, teve destaque a exposição de Santana. O marqueteiro disse que, para aumentar a margem de diferença entre Dilma e Aécio nas urnas, é preciso angariar votos fora do grupo de simpatizantes do PT. ;Ele (João Santana) chamou a atenção para o eleitor jovem e preocupado com reforma política;, disse o governador eleito e senador Wellington Dias (PT-PI). Segundo o parlamentar, o marqueteiro explicou que esse eleitor ;quer algo diferente; e lembrou que Marina teve 22 milhões de votos, enquanto o total de indecisos foi de 27 milhões.
[SAIBAMAIS]Entre as 40 pessoas que participaram da reunião, estavam os governadores eleitos de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT); de Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB); e de Alagoas, Renan Filho (PMDB). No discurso, Dilma destacou que o confronto com Aécio não será baseado em ataques. ;Nós queremos que essa disputa se dê no mais alto nível, uma disputa programática, sobre propostas;, afirmou. No fim do encontro, João Santana foi questionado se a agressividade que marcou a campanha no primeiro turno será repetida. ;Para quê? Não precisa de pancadaria;, respondeu.
Dilma Rousseff reafirmou que a disputa, agora, se dará na comparação de projetos e programas feitos no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002) com as gestões de Luiz Inácio Lula da Silva (2003 a 2010) e dela. ;É preciso fazer um resumo dessa política que quebrou o país três vezes;, disse. Ela também pediu aos senadores e governadores para ;frisar dados;, como a inflação de 12,5% em 2002, no governo de FHC.
O baixo crescimento econômico é um dos problemas que a campanha de Dilma enfrenta. Apesar das cobranças do mercado, o presidente do PT, Rui Falcão, descarta a hipótese de a presidente anunciar quem será o ministro da Fazenda em um eventual próximo governo. ;Ela não pode fazer isso. Não está eleita.; Dilma informou ontem que o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, está se licenciando do cargo para se dedicar exclusivamente à campanha. ;Nós vamos definir com ele qual melhor aproveitamento da tarefa dele na coordenação, pode ser inclusive para fazer um debate de economia, por exemplo, porque ele, como ministro, ficava impedido de fazer;, sinalizou Falcão.
Preocupação
Na reunião de ontem, Dilma reconheceu que um dos desafios daqui em diante é reverter o mau resultado obtido em São Paulo. ;Meu diagnóstico é simples: eu não tive voto. Não tem diagnóstico mais simples e mais humilde. A gente pode fazer todas as suposições, mas tem que partir desse princípio e buscá-lo;, afirmou. Para intensificar a campanha na região, o PT organizou uma plenária para quinta-feira, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo é analisar o cenário atual e traçar a estratégia para o segundo turno no estado. A derrota presidencial de quase 15 pontos percentuais em comparação ao candidato tucano, aliada à baixa votação do candidato petista ao governo, Alexandre Padilha, derrotado no domingo, e ao baixo número de deputados eleitos deixou o PT em uma situação complicada no próprio berço eleitoral.
Para o presidente do partido, é preciso fazer uma análise do que ocorreu no primeiro turno, retificar caminhos quando necessário e botar a campanha na rua para ter um resultado diferente em 26 de outubro. De acordo com Rui Falcão, a ideia é reunir todas as lideranças do partido em São Paulo para trabalhar em prol de Dilma.
;Meu diagnóstico é simples: eu não tive voto (em São Paulo). Não tem diagnóstico mais simples e mais humilde. A gente pode fazer todas as suposições, mas tem que partir desse princípio e buscá-lo;
Dilma Rousseff (PT), presidente da República e candidata à reeleição