Vice na chapa do governador Sérgio Cabral (PMDB), que se afastou ao cargo, Pezão baseou a sua campanha na parceria com a presidente Dilma Rousseff (PT). Ela o chamava de o ;pai do PAC; no Rio de Janeiro. Pezão, apelido em razão de calçar 47,5, teve também como mote para ganhar votos a manutenção e ampliação do programa das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas comunidades carentes, pelo governo do estado. Esse, aliás, é considerado o ponto sensível de seu governo, pois as UPPs, que fizeram sucesso no início, agora estão sendo criticadas pela população.
Mas Pezão mostrou que sabe lidar com as pressões. Na reta final, quando todas as simulações apontavam sua liderança, ele preferiu se afastar do centro da disputa. Foi descansar com a família em Piraí, no sul do Estado, onde votou na manhã de ontem. Não entrou no clima de ;já ganhou;. Ao saber que chegou ao segundo turno, também não comentou a virada de Crivella, disse que estava feliz pelo reconhecimento do seu trabalho.
O rival do PRB mandou um recado aos oponentes. ;Enquanto meus adversários só me atacaram, apresentei propostas;, afirmou. Ele anunciou que começará a trabalhar nas alianças para o segundo turno, ;hoje (ontem) à noite mesmo;. ;Apanhava de quatro, agora vou apanhar só de um;, brincou. Ao falar dos ataques, Pezão se referia a um suposto trato ; não comprovado ; entre Crivella e Garotinho para o derrotar. Segundo especulações, os dois adversários teriam combinado que quem não chegasse ao segundo turno apoiaria aquele que ficou com a segunda vaga. Ambos também estariam tentando garantir o apoio do candidato Lindbergh Faria (PT).
Candidato polêmico
Apesar de ter sido ministro da Pesca do governo Dilma Rousseff (PT), Crivella afirmou que nunca tinha pescado na vida. Líder da Igreja Universal, ele foi eleito duas vezes para o cargo de senador (2002 e 2010). Criou polêmica ao declarar, durante a campanha, que ;homossexualismo é pecado; e que ;se deixar a Baixada Fluminense na miséria, pessoas migram para a capital roubar;.
O bispo tenta chegar ao Palácio da Guanabara pela terceira vez. Tentou também ser prefeito do Rio de Janeiro duas vezes. Ficou famoso pelo projeto chamado ;Cimento Social;, destinado a reformar casas em comunidades carentes, mas acabou condenado pelo TSE, que considerou seu programa eleitoreiro.
Para o Senado, o ex-jogador Romário, deputado federal pelo PSB, foi eleito com quase 64% dos votos e superou o ex-prefeito César Maia, que ficou com pouco mais de 20% dos votos. O craque entrou na política há quatro anos, quando foi eleito como o deputado mais votado do estado.
A divulgação dos primeiros resultados da eleição de primeiro turno no Rio de Janeiro foi marcada pelos problemas na votação em Niterói, por conta do sistema biométrico, onde os dados só começaram a sair com 88% das urnas já apuradas. Ao longo do domingo, 618 pessoas foram presas, 219 na capital, e 399 no interior. Ao todo, 711 urnas eletrônicas precisaram ser substituídas.
2; TURNO
RIO DE JANEIRO
Urnas apuradas: 100%
Candidato % dos votos
válidos
Pezão (PMDB) 40,57
Marcelo Crivella (PRB) 20,26
Garotinho (PR) 19,73
Lindberg Farias (PT) 10
Brancos 6,12
Nulos 11,44
Abstenção 20,11