Jornal Correio Braziliense

Eleições 2014

Brasilienses elegem bancada nova, mas nomes conhecidos permanecem

Três parlamentares do DF conseguiram a reeleição na Câmara dos Deputados. Brasilienses apostaram em nomes que já atuam há muito tempo na política local

A renovação na bancada brasiliense na Câmara dos Deputados ficou em 62,5%, mas isso não quer dizer que a composição vá representar, necessariamente, uma mudança política para os próximos quatro anos. Velhos conhecidos dos eleitores da capital conquistaram o mandato, enquanto apenas três parlamentares se reelegeram. A única novidade é a eleição do deputado distrital Rôney Nemer (PMDB), que nem sequer pode ser considerado uma surpresa, uma vez que já foi eleito para a Câmara Legislativa por três vezes.

[SAIBAMAIS]O resultado da votação foi uma surpresa entre muitos membros da coligação que reuniu PT, PRB, PCdoB, PP, PSC e PROS. O grupo trabalhou para eleger de dois a três deputados, entre eles Vítor Paulo (PRB), deputado federal pelo Rio de Janeiro. Ele, que mudou o domicílio eleitoral para Brasília, era tido como um dos favoritos na coligação devido à forte inserção no segmento evangélico, mas acabou derrotado graças à reeleição de Ronaldo Fonseca (PROS), que também tem base religiosa. Vítor Paulo é da Igreja Universal do Reino de Deus e Ronaldo Fonseca da Assembleia de Deus Ministério de Belém. Na mesma coligação, Érika Kokay (PT) acabou reeleita.

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Na chapa que reuniu PMDB, PTdoB, PRP, PHS, PEN, PV, PTN, PPL, PSL e PTC, o objetivo era eleger, pelo menos, dois deputados, mas apenas Rôney Nemer, com 82,5 mil votos, conseguiu a vaga. Alírio Neto (PEN), com 78,9 mil, terminou na primeira suplência. Augusto Carvalho (SD), que teve 39,4 mil votos, e Laerte Bessa (PR), com 32,87 mil, conquistaram o cargo graças ao quociente eleitoral. Os dois já exerceram mandatos na Câmara dos Deputados e ocuparam justamente os lugares de Alírio Neto e de Vítor Paulo, que tiveram mais votos.

O ex-governador Rogério Rosso (PSD); Izalci (PSDB), eleito federal nos dois últimos pleitos; e Alberto Fraga (DEM), que conquistou mandato de federal em 2002 e em 2006; completam a bancada do DF na Câmara dos Deputados. De todos os eleitos, Fraga, Izalci e Bessa devem declarar apoio à candidatura de Jofran Frejat (PR), enquanto Rosso, Kokay e Augusto Carvalho devem ficar com Rodrigo Rollemberg (PSB). Ronaldo Fonseca ainda deve se manifestar sobre a escolhas para o segundo turno, enquanto e Rôney Nemer tende a apoiar Frejat (PR).

Três parlamentares do DF conseguiram a reeleição na Câmara dos Deputados. Brasilienses apostaram em 
nomes que já atuam há muito tempo na política local
Fraga (DEM): 155.056 votos
Nascido em Estância (SE), João Alberto Fraga Silva, 58 anos, é um dos mais conhecidos adversários políticos do governo Agnelo Queiroz (PT). Ele integrou a coligação União e Força I (PR/PTB/ PRTB/PMN/DEM) e é presidente do DEM no DF. Na campanha, recebeu R$ 1.218.680, sendo que, somente a UTC Engenharia repassou mais de R$ 1 milhão ao candidato. A Cosan, de óleos e lubrificantes, doou R$ 100 mil. Fraga é coronel da reserva da Polícia Militar do DF, foi deputado federal por três mandatos e atuou como um dos parlamentares mais ativos contra o desarmamento. Ocupou também o cargo de secretário de Transportes do DF na gestão de José Roberto Arruda. Nas eleições de 2010, tentou uma vaga para o Senado, mas não foi eleito.

Três parlamentares do DF conseguiram a reeleição na Câmara dos Deputados. Brasilienses apostaram em 
nomes que já atuam há muito tempo na política local
Rogério rosso (psd): 93.653 votos
Nascido no Rio de Janeiro, Rogério Schumann Rosso, 46 anos, disputou o cargo de deputado federal na coligação Somos Todos Brasília (PSB/ PSD/ PDT/ SDD). Em 2006, Rosso tentou a mesma vaga, mas não foi eleito. Em abril de 2010, acabou eleito governador do Distrito Federal em turno único no pleito indireto promovido pela Câmara Legislativa do Distrito Federal. Foi empossado para o governo provisório em 19 de abril daquele ano. Ocupou o comando da Secretaria de Desenvolvimento Econômico no governo de Joaquim Roriz, e, em seguida, foi administrador de Ceilândia. Na gestão de José Roberto Arruda, presidiu a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). É presidente do PSD no Distrito Federal e indicou o vice de Rollemberg (PSB), Renato Santana. Nas eleições deste ano, Rosso recebeu R$ 526.729,47. O sogro, Roberto Curi, foi o principal doador, com R$ 400 mil.

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nomes que já atuam há muito tempo na política local
Érika kokay(PT): 92.558 votos
Nascida em Fortaleza, Érika Jucá Kokay, 57 anos, consegue, pela segunda vez consecutiva, o cargo de deputada federal pela coligação Respeito por Brasília 2 (PT/ PRB/ PC do B/ PP/ PROS). Na Câmara dos Deputados, integrou as comissões de Direitos Humanos, Reforma Política e de Seguridade Social e Família. A principal bandeira no Congresso é a luta LGBT e tem influência nos movimentos sociais. Érika tem origem política no sindicalismo. Foi presidente do Sindicato dos Bancários e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Ela também ocupou vaga de deputada distrital por duas vezes (2002 e 2006). Para o pleito de 2014, recebeu R$ 316.400 de doações, sendo as construtoras Colares Linhares e Andrade Gutierrez as principais colaboradoras, com R$ 95 mil cada.

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nomes que já atuam há muito tempo na política local
Ronaldo fonseca (pros): 84.583 votos
Nascido em Volta Redonda (RJ), Ronaldo Fonseca de Souza, 55 anos, garante o segundo mandato consecutivo no Congresso Nacional. O deputado faz parte da coligação Respeito por Brasília 2 (PT, PRB, PC do B, PP, PSC e PROS). Pastor evangélico da Assembleia de Deus, tem os fiéis como base eleitoral. Na Câmara dos Deputados, Ronaldo é conhecido por integrar a bancada evangélica e travar brigas contra parlamentares favoráveis aos direitos homoafetivos. Comandou o PR-DF, mas deixou o partido com a filiação de José Roberto Arruda, em outubro de 2013. Ronaldo recebeu R$ 132.400 em doações, sendo R$ 44 mil dele mesmo e R$ 30 mil do Partido Progressista.

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nomes que já atuam há muito tempo na política local
Rôney Nemer (PMDB): 82.594 votos
Nascido em Viçosa (MG), Rôney Tânios Nemer, 51 anos, consegue pela primeira vez o cargo de deputado federal. Concorreu pela coligação Respeito por Brasília 1 (PMDB, PT do B, PRP, PHS, PEN, PV, PTN, PPL, PSL e PTC). Desde 2002, Nemer ocupava o cargo de deputado distrital. Em 2000, assumiu a Administração de Samambaia e, logo depois, a do Recanto das Emas, região administrativa que tem grande influência política. Elegeu-se distrital em 2002 e, no ano seguinte, assumiu a Secretaria de Obras do governo Roriz. Foi reeleito em 2006 e 2010. Recebeu R$ 243.300 durante a campanha. Desses, R$ 160 mil eram recursos próprios. A principal doadora privada foi a Booleanos Consultoria Administrativa, com R$ 30 mil. É um dos condenados por improbidade administrativa em 1; instância na Operação Caixa de Pandora.

Três parlamentares do DF conseguiram a reeleição na Câmara dos Deputados. Brasilienses apostaram em 
nomes que já atuam há muito tempo na política local
Izalci (PSDB): 71.937 votos
Nascido em Araújos (MG), Izalci Lucas Ferreira, 58 anos, vai para o terceiro mandato seguido na Câmara dos Deputados. Para esse pleito, foi um dos personagens da ruptura do PSDB local. Izalci se posicionou contrário à candidatura de Pitiman ao Governo do Distrito Federal. Na eleição passada, Izalci foi eleito pelo PR, que apoiava o PT. Nesta eleição, fez parte da coligação Por um Futuro Melhor II (PSDB / PPS / PSDC). Na campanha, recebeu R$ 332.435,00. A maior parte dos recursos, R$ 160 mil, veio de recursos próprios. A União de Faculdades do Amapá é a principal doadora, com R$ 100 mil. Na Câmara, Izalci, que é professor e contador, tem como principal área de atuação a educação.

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nomes que já atuam há muito tempo na política local
Augusto carvalho (sd): 39.461 votos
Nascido em Patos de Minas (MG), Augusto Silveira de Carvalho, 61 anos, foi deputado federal por vários pleitos, inclusive durante a Constituinte pelo PPS. Agora, pertence à coligação Somos Todos Brasília (PSB, SDD, PDT, PSD). Ele também ocupou vaga de deputado distrital. Funcionário do Banco do Brasil, Augusto fez carreira política no Sindicato dos Bancários. Nas últimas eleições, não se elegeu, mas atuou como parlamentar por ser suplente de Geraldo Magela, licenciado em boa parte do mandato para ocupar a chefia da Secretaria de Habitação do governo de Agnelo Queiroz. Augusto Carvalho foi secretário de Saúde no governo de José Roberto Arruda, de 2008 a 2009. Neste pleito, arrecadou R$ 143.500 em doações, sendo R$ 100 mil da Minerações Brasileiras Reunidas.

Três parlamentares do DF conseguiram a reeleição na Câmara dos Deputados. Brasilienses apostaram em 
nomes que já atuam há muito tempo na política local
Laerte bessa (pr): 32.843 votos
Nascido em Goiânia, Laerte Rodrigues de Bessa, 60 anos, consegue o segundo mandato de deputado federal pela coligação União e Força I (PR, PTB, PRTB, PMN e DEM). O anterior foi em 2006. Em 2010, Bessa não conseguiu ser reeleito. Bessa fez carreira política dentro da Polícia Civil. Ele é delegado aposentado e ocupou a direção-geral da Polícia Civil no DF durante o governo de Joaquim Roriz. Na Câmara dos Deputados, Bessa foi um dos representantes mais atuantes da bancada da bala e tem a segurança pública como discurso central. Nas eleições de 2014, recebeu R$ 253 mil em doações, sendo R$ 200 mil do diretório nacional do partido e R$ 50 mil da Seara Alimentos.