Jornal Correio Braziliense

Eleições 2014

Correio perguntou para profissionais o que eles esperam do próximo governador

Urbanismo, serviço público, educação e saúde, entre outros assuntos, foram abordados pelos eleitores. Mas o trânsito é um dos setores mais criticados por todos

Durante os três meses de campanha, os candidatos ao Palácio do Buriti tiveram a oportunidade de usar a televisão e ir às ruas a fim de falar sobre as propostas para o Distrito Federal. Nas caminhadas, nas visitas às comunidades e nas reuniões com setores da sociedade, também ouviram o que o eleitor esperava do governo nos próximos quatro anos.

O Correio também deu voz aos votantes durante o período. Durante a semana que antecedeu a eleição, a reportagem procurou pessoas de áreas específicas para saber dos desejos desses profissionais. O mais interessante é que todos eles expressaram angústias não só nos setores deles, mas em questões que atingem o dia a dia de qualquer cidadão.



Saúde, educação e segurança foram alguns pontos citados. Houve quem demonstrasse preocupação com o servidor público e até com a superlotação na Papuda. Mas um setor que permeou praticamente todos os dias foi a mobilidade urbana, o tempo gasto em engarrafamentos e a falta de alternativos no transporte público.


Frederico Flósculo,56 anos, arquiteto e urbanista
;Eu espero que o próximo governador dê foco e sentido ao que pretende fazer. Espero um governo que queira desenvolver Brasília de uma maneira regular, planejada, que não me surpreenda com episódios de corrupção e de impacto ambiental negativo. Espero alguém com o mínimo de preparo, que diga, com precisão, o que deve ser feito para que Brasília se torne uma capital que orgulha o país. Brasília vem sendo modelada pelas forças do capital imobiliário local, e o governo já não tem esse controle. É isso que estão fazendo com o território de Brasília, especulando e ocupando, sem a preocupação com o futuro das águas, do solo e do cerrado. É importante também fazer com que a comunidade tenha força, responsabilidade e poder sobre sua cidade. Precisamos fortalecer as prefeituras comunitárias, os conselhos de educação, de saúde, de segurança e de planejamento urbano.;

Gleice Aline Miranda da Paixão,32 anos, professora
;Do próximo governador, espero um investimento maior na nossa formação: que a formação continuada possa ser oferecida pela própria Secretaria de Educação. Espero também a valorização salarial para a categoria. Nosso salário não é compatível com a formação específica, quem tem mestrado ou doutorado não tem um retorno garantido. Precisamos equipar melhor as escolas. Apesar das questões da educação, o que está pior para mim é o trânsito. Temos muita dificuldade de acesso aos locais de trabalho. Quem mora fora do Plano Piloto e trabalha aqui perde muito tempo no trânsito, é um período improdutivo. A saúde pública também está em situação gritante. Como professora, vejo que os alunos precisam de atendimento médico e não conseguem. As três bases da sociedade são a saúde, educação e segurança: precisamos de melhorias urgentes em todas elas.;


Ricardo Freire Vasconcellos,40anos, advogado
;Espero que o próximo governador atue de forma imparcial em relação às várias apurações que acontecem aqui, como processos que envolvem membros do Poder Judiciário e de outras área de poder no DF. Espero também melhorias na segurança pública, que está em situação alarmante. Mesmo os bairros que poderiam ser considerados tranquilos passam por essa insegurança. O transporte também está muito ruim. Além disso, é necessária uma valorização dos professores, uma classe que sofre com a baixa remuneração. Um ponto muito importante, que não vi ser abordado por nenhum candidato, passa pela questão superlotação do presídio da Papuda: é altamente preocupante o fato de que o sistema carcerário esteja falido. Entre as piores coisas, estão a segurança pública e a superpopulação de carros nas ruas.;

Paulo Albuquerque,27 anos, servidor público
;Espero uma mudança de política. Essa que já vem há algum tempo ficou cansativa. Acho que o próximo governador precisa investir mais no servidor público, diminuir a quantidade de cargos comissionados. É importante que a ocupação de cargos estratégicos seja feita por pessoas técnicas, que tenham conhecimento na área em questão, e não os apadrinhados políticos, como tem acontecido. Como servidor, acho importante a valorização dos servidores de carreira e a equiparação dos benefícios. Também sou a favor do concurso público para as administrações regionais e para todas as áreas cheias de servidores comissionados. O que está mais crítico é a questão da mobilidade urbana. Precisamos ter alternativas de transporte público e um investimento maior em ciclovias. Brasília favorece a criação e uso de ciclovias de forma segura.;


Thaís Fread,36 anos, cantora
;Espero que no próximo governo haja uma melhora enorme no sistema público de saúde, também na educação e na segurança. No governo atual, tudo isso está insatisfatório, Brasília está virando uma cidade cada vez mais violenta e insegura. Como cantora, eu volto para casa tarde da noite e morro de medo para entrar em casa sozinha. Acontecem sequestros relâmpagos o tempo todo. A educação é triste, faltam professores e eles são mal remunerados. O transporte público também é terrível, sem estrutura. Na minha classe, espero que os artistas, de maneira geral, sejam mais respeitados e incentivados. Quero que a cultura seja cada vez mais estimulada a chegar a todos os lugares, porque o que queremos é levar cultura e diversão para a população do Distrito Federal.;

Jandismar Vasco,31 anos, engenheiro eletricista
;Espero que o próximo governador invista bastante na parte da construção civil. Espero que dê estímulos, como terrenos e incentivos fiscais e tributários para a nossa área. Precisamos de investimento na infraestrutura. Ainda na área da engenharia, é importante igualmente o investimento maior na capacitação. A deficiência de mão de obra qualificada é muito grande. No aspecto geral da cidade, precisamos de melhorias no trânsito e no saneamento básico. Creio que a saúde aparece como o ponto mais crítico, seguida da segurança pública. É mais complicado no Entorno, que não tem esse serviços e o pouco que possui fica sobrecarregado. Mas acho também que nenhum governo vai resolver isso com rapidez. Não tenho essa esperança.;


Luiz Leite,46 anos, médico
;Acho que é particularmente importante que tenhamos um programa de educação adequado, mais amplo, com um tempo de aulas mais propício para as crianças: tem que haver uma centralização da educação. O que há de pior no DF é a educação. Se tivermos uma educação de qualidade, teremos mais condições de buscar melhorias em outras áreas. Na saúde, o ponto é semelhante. Precisamos intensificar os programas de prevenção, oferecer tratamentos melhores para as doenças prevalentes, como hipertensão e diabetes. As pessoas não têm acesso a remédios e a médicos, e isso é fundamental para a população. Somos uma das melhores cidades no Brasil, em termos de comparação, mas precisamos melhorar. O DF tem vocação para os programas de incentivo a atividade física. O uso das bicicletas tem sido muito incentivado, e o próximo governo tem o desafio de tornar isso mais viável.;

Thiago de Faria Lima César,25 anos, bancário
;Espero do próximo governo uma melhor gestão dos recursos públicos, uma atenção maior com a saúde e com a segurança pública, que é um dos principais pontos que precisa de melhoria . É o básico. Acho que a educação está ruim no país. Aqui, as escolas públicas passam por um processo de sucateamento, o salário dos professores é muito baixo. O governo do Distrito Federal tem uma arrecadação muito boa, enquanto isso, o custo da folha de pagamento é enorme. Então, temos sim recursos para as melhorias necessárias. É importante também dar uma enxugada na enorme quantidade de cargos desnecessários que temos no governo. É muito cargo comissionado, muita gente sem concurso, muito terceirizado. Essa limpeza da máquina pública é necessária.;