A discussão entre Marina Silva (PSB) e Dilma Rousseff (PT) sobre a autonomia do Banco Central, no debate desta quinta-feira (02/10), o último antes das eleições de domingo, acabou virando uma troca de farpas. Enquanto Marina criticou a inexperiênmcia de Dilma por "não ter sido nem vereadora e virado presidente", a petista sugeriu à ex-senadora "que leia o que escreveram no seu programa". O embate ocorreu durante o segundo bloco do debate.
[SAIBAMAIS]A discussão começou com o questionamento, por Marina, sobre o posicionamento de Dilma em relação à autonomia do Banco Central (BC). "Em 2010, você entrou numa batalha campal com o candidato (José) Serra (PSDB) porque ele era contra (a autonomia). Agora, você diz que é contra. Qual a Dilma que está falando agora? A do discurso de eleição, ou a Dilma que tem uma convicção?", provocou.
Dilma acusou Marina, de confundir "deliberadamente" autonomia com independência. "O que está no seu programa é a defesa da independência do Banco Central. E aí, tem um problema: independentes só são os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Independência do Banco Central é dar um quarto poder para os bancos", criticou Dilma. "Sugiro que a senhora leia o que escreveram no seu programa. Porque a senhora está deliberadamente tentando confundir autonomia com independência", alfinetou novamente. "Quando se escolhe um presidente, se escolhe uma política econômica. Não é possível transferir essa escolha para os bancos", defendeu Dilma.
"Está falando a Dilma das eleições e não a das convicções", devolveu Marina, que desqualificou a experiência de Dilma. "Por não ter experiência política e ter virado presidente da República, não ter sido nem vereadora e virado presidente, confunde os poderes", atacou. "Acha que autonomia do BC é ser um poder independente. Autonomia é para combater a inflação, que hoje está alta, e para que não haja interferência política de quem acha que manda em tudo", completou.
"Acho importante ela ler o que escreveu no programa", repetiu Dilma, para depois apontar uma contradição entre a crítica e o discurso da ambientalista. "A minha experiência política... É interessante, vindo de uma pessoa que defende a nova política. Quer dizer que uma pessoa que não fez a carreira - vereadora, deputada, senadora-, não pode ser presidente? Onde isso está escrito? Não na nossa Constituição", rebateu. "Aliás, tenho convicção que qualquer brasileiro ou brasileira pode ser presidente. O que tem de haver é experiência e competência", finalizou.