Jornal Correio Braziliense

Eleições 2014

Como escolher um deputado?

Para não se enganar por promessas fáceis ou políticos com a ficha suja, o Correio preparou um guia que ajudará o eleitor a escolher



Não tenho candidato
Alguns caminhos podem ajudar a escolher um nome. Não existe uma receita ou fórmula pronta, mas seguem algumas dicas. O eleitor pode levar em conta vários aspectos, como os valores morais do candidato, a ideologia e até a área de atuação.

Escute
Com a escolha feita, discuta com outros eleitores, escute as críticas de quem defende outro candidato e, na dúvida, busque outro nome e refaça todo o pente-fino.

Propostas
Se o seu candidato superou as etapas anteriores e chegou aqui, ele fez apenas a obrigação. Afinal, ser honesto não é uma virtude e, principalmente para quem deseja ser deputado, deve ser uma obrigação. Porém, é fundamental que o eleitor saiba quais são as propostas e, principalmente, se elas são exequíveis. Candidato que promete trazer o mar para o DF ou aumentar o salário mínimo quase 10 vezes está flertando com o impossível e não conseguirá cumprir a promessa. Além de saber o que o político propõe, o eleitor tem que saber como isso será feito. Visite as páginas dos candidatos na internet ; também disponíveis no Sistema de Divulgação de Candidaturas ;, adicione o político nas redes sociais e, mais uma vez, na dúvida, questione: por e-mail, nas redes sociais, por telefone ou pessoalmente. Se você não for atendido durante a campanha, é muito provável que será abandonado quando seu candidato for eleito.

Valores
De acordo com orientação do TSE, primeiramente, o eleitor deve identificar quais valores julga mais importantes e quais você quer ver seu representante defender. Isso é importante porque, geralmente, escolhemos um candidato por afinidade, ou seja, aquele que tem opiniões parecidas com as nossas. Contudo, o eleitor deve se esforçar para escolher candidatos que tenham preocupações universais, ou seja, que digam respeito ou sejam aplicáveis a todas as pessoas, e não só a um pequeno grupo.

É ficha suja?
A Lei da Ficha Limpa só impede a candidatura de políticos condenados por órgãos colegiados, em segunda instância. Por isso, é possível que seu candidato já seja condenado em algum processo em primeira instância e siga na disputa. A primeira dica é checar no Sistema de Divulgação da Candidatura do TSE, ir na aba ;acompanhamento processual;, marcar a opção ;todos; e clicar em ;visualizar;. Vasculhar o passado do candidato dá trabalho. Além desse filtro da Justiça Eleitoral, vale a pena checar em outras fontes, como o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Buscando pelo nome do candidato, é possível ver se ele já causou danos ao Estado. Os tribunais de contas, tanto da União quanto os estaduais, também têm listas com quem já participou de irregularidades. No Portal da Transparência, do governo federal, o eleitor vê quem está impedido de celebrar convênios com a administração pública por algum malfeito.

Partido ou coligação
Conhecer o partido, quais são seus ideais, se é, por exemplo, uma sigla que defende temas da esquerda ou da direita e se você se identifica. Saber quem são os correligionários e se está coligado com outra legenda. Vale lembrar que, pelas regras eleitorais, o voto vai para a coligação e, além de ajudar a eleger o candidato, serve para a coligação atingir o quociente (divisão da soma de votos válidos pelo número de cadeiras) necessário para a eleição de um parlamentar.

Região
A escolha dos deputados distritais, estaduais e federais é, muitas vezes, pautada na área de atuação do político. Com base nas emendas parlamentares, os deputados dispõem de verbas para obras e benfeitorias nas cidades em que atuam. Contudo, vale destacar que a função principal do parlamentar não é reformar quadra ou conseguir ambulância, mas legislar para a unidade da Federação e para o país.

De onde vem o dinheiro?
Uma campanha política custa caro. É fundamental que você saiba quem são os financiadores do candidato e reflita sobre quais interesses e influências eles podem ter sobre a atuação dele, caso seja eleito. No site do TSE, qualquer cidadão pode olhar quem são os financiadores, buscando pelo doador, pelo candidato ou pelo comitê partidário. Vale destacar que as doações para os comitês são conhecidas como ;ocultas;, pois impedem que o eleitor saiba para qual candidatura o dinheiro vai, o que torna mais difícil fazer uma relação direta entre o interesse do doador e atuação do parlamentar.

Não é deputado?
Seu candidato é um novato na política? Ele atua em qual área? Pertence a alguma entidade, sindicato, clube de futebol, associação de classe ou outro movimento? Se sim, procure saber da atuação dele. Procure quem trabalhou com ele e tente não escutar apenas as opiniões positivas de quem participa da campanha. Se não, é importante que você saiba a origem e as razões que o levaram a disputar uma vaga nas próximas eleições.

Ficou mais rico?

Sempre que alguém se candidata deve anexar a declaração de bens quando protocola o registro da candidatura. Se o candidato participou de outras eleições, você pode conferir a evolução patrimonial dele. Um enriquecimento fora do comum durante o período em que ele exerceu o mandato pode sugerir algum ilícito. É bom ficar atento. O site do TSE ; www.tse.jus.br ; tem o sistema de ;Divulgação de Candidatura;, com os dados do atual pleito. Uma busca no Google com a expressão ;divulgacand; e o ano das eleições anteriores (;divulgacand2012;, por exemplo) possibilita que o eleitor faça a comparação. O projeto ;Quem quer ser excelência;, da ONG Transparência Brasil, é uma ótima ferramenta de busca em que é possível ver a evolução patrimonial dos candidatos. Veja o link: www.excelencias.org.br/quemquer.

Já é parlamentar?
Se sim, consulte os sites da Câmara dos Deputados, do Senado e da CLDF. Você pode checar os dados pessoais, os partidos aos quais ele já foi filiado e, principalmente, conferir os projetos de lei apresentados nos últimos mandatos. O papel principal de um parlamentar é elaborar as leis que regem o país e os estados e o DF. Leia com atenção e, caso tenha alguma dúvida, ligue ou envie um e-mail para o político. Caso seu candidato não tenha proposto nada relevante, é melhor você repensar e escolher um novo nome.

Como ter certeza?
Não se deixe influenciar apenas pela quantidade de propaganda ou de cabos eleitorais. Uma campanha sem muitos recursos pode oferecer uma boa proposta com ideias compatíveis ao que você pensa. Seja criterioso e, para isso, o segredo é pesquisar.

Tenho candidato
Se você já fez a escolha, é hora de checar o passado do candidato.