Londres - A monarquia britânica, que detém a atenção mundial pelo casamento do príncipe William e de Kate Middleton, é uma das 10 existentes na Europa, a maioria constitucionais, nas quais o monarca, como a rainha Elizabeth da Inglaterra, é o chefe simbólico do poder executivo.
Elizabeth II, de 85 anos, avó de William, reina desde 6 de fevereiro de 1952. Mas seus poderes políticos são de fato limitados e se reduzem a funções cerimoniais não partidárias. Na Grã-Bretanha, uma monarquia parlamentar, o poder executivo é exercido pelo governo liderado por seu primeiro-ministro.
Nas demais monarquias europeias impera o princípio que resume a máxima: "O rei não administra nem governa, reina". É o caso dos reinos da Bélgica, Dinamarca, Suécia, Holanda, Espanha e Noruega, além do Reino Unido.
Liechtenstein e Mônaco são principados, com um príncipe cada um. Luxemburgo é um ducado.
Apesar de serem considerados regimes anacrônicos, as monarquias mantêm geralmente um bom nível de popularidade onde ainda governam. Todas as monarquias constitucionais são democracias e sete delas são membros da União Europeia (UE): Bélgica, Dinamarca, Luxemburgo, Espanha, Suécia, Holanda e Reino Unido.
No Reino Unido, Elizabeth II também é chefe da Igreja da Inglaterra e da Commonwealth, a comunidade britânica composta por cerca de 15 países, última herança da antiga grandeza do império britânico.
O papel de alguns monarcas europeus, apesar de seu status quase simbólico, foi essencial na história recente de seus países. É o caso do rei Juan Carlos da Espanha, nomeado sucessor pelo general Franco, que restaurou a monarquia do país. Apesar disso, Juan Carlos foi uma força motriz decisiva na democratização espanhola e na ruptura com a ditadura franquista.
Na Bélgica, um pequeno país atingido pelas tensões entre as comunidades dos valões e flamengos, o rei Albert II foi considerado como o fiador da unidade nacional, embora seu trabalho seja cada vez mais difícil.
Na Grã-Bretanha, a admirada atitude do rei George VI, pai de Elizabeth II, de permanecer em Londres durante os bombardeios da Segunda Guerra Mundial, aproximou a monarquia do povo britânico. Mas as vicissitudes reais dos anos 90 em torno da princesa Diana e sua trágica morte em 1997 estremeceram os alicerces da antiga instituição.
Nos últimos anos, a monarquia britânica tratou de melhorar sua imagem, e o casamento do príncipe William com Kate Middleton, uma plebeia, pode ajudar nesta missão. No entanto, apesar de ser aceita como instituição pela maioria dos britânicos, sua monarquia precisa ser renovada, de acordo com observadores.
"Embora o reino tenha mudado profundamente desde a ascensão ao trono de Elizabeth II, a monarquia sob seu comando reflete uma certa ideia do Reino Unido: branco, protestante, imperial. Agora que o país é multicultural, cada vez menos cristão, o sistema dinástico segue encarnando a Inglaterra de ;antes;, profundamente conservadora, apegada à hierarquia, à divisão de classes, inclusive de castas, e aos privilégios da aristocracia", resumiu nesta semana o jornal francês Le Monde.