Escolha
Antes de dedicar-se exclusivamente ao teatro, os atores estudavam direito, publicidade, filosofia, jornalismo, design gráfico. Os encontros eram marcados para as madrugadas, único horário possível para todos. A partir do terceiro espetáculo, no entanto, o êxito ganhou proporções inimagináveis e foi preciso tomar a decisão que a trupe considera, até hoje, a mais difícil que já surgiu. ;Antes, o teatro se adaptava à faculdade. Desde então, a faculdade passou a se adaptar ao teatro. Escolhemos viver de arte;, conta Villas-Bôas.
Quando decidiram transformar a paixão em ofício, eles não optaram pelo caminho acadêmico (dois comediantes chegaram a cursar artes cênicas na Universidade de Brasília (UnB). Decidiram focar nas habilidades teatrais que mais os interessavam e se cercaram dos que consideram os melhores em cada ramo: para burilar os talentos de mímica, fizeram aulas particulares com Miqueias Paz. Hugo Rodas trouxe a noção de palco, de espetáculos com grandes elencos. Irmãos Guimarães, Adriana Lodi, Ricardo Blat, o palhaço argentino Chacovachi, entre outros, fazem parte do rol de mestres que os ensinaram a dominar os tablados.
Depois de passar pelo improviso, pelas esquetes e por teatro de comédia, os integrantes da companhia decidiram enveredar pelo stand up. Criaram o projeto Setebelos Convida, que traz, semanalmente, um nome consagrado nacionalmente para compartilhar o palco com eles. A badalação em torno dessas noitadas, realizadas no Bar do Ferreira do shopping Pier 21, às terça-feiras, forçaram a ampliação do projeto. Agora, às segundas, é a vez do público do Bar do Ferreira no Shopping Quê, em Águas Claras, estar diante de mestres do gênero. Victor Sarro, comediante dos programas globais Encontro e Esquenta, e Marcos Zenni, do programa Amigo da onça, estão escalados para as próximas edições.
Ingredientes
Ao mesmo tempo em que se assemelham a outros grupos na intenção de fazer rir, eles têm marcas próprias. O grupo ambiciona criar, em cena, uma atmosfera mágica, dinâmica, com recursos de luz e som caprichados. Terror, por exemplo, usou o artifício do som 3D surround para envolver a plateia. ;Algumas produções são quase videoclipes;, conta Villas-Bôas. Outro fator que ganha atenção é a reconstrução de personagens. ;Nosso Drácula é diferente de todos que estão por aí;, asseguram. Na busca por um teatro físico e vigoroso, eles ainda pesquisam soluções simples para reproduzir, no palco, efeitos cinematográficos complexos.
;A brincadeira virou nosso trabalho. Hoje somos uma empresa com funcionários;, dizem, em coro. Enquanto um se diz empresário do ramo do entretenimento, o outro se considera um vagabundo que faz as pessoas rirem. A estrutura é de empresa, mas o clima é de descontração e intimidade. Na hora de criar, eles promovem uma espécie de brainstorming. ;Vamos falando tudo e um vai melhorando as piadas dos outros;, conta Daniel Lima. Mesmo depois que acaba o horário de trabalho, os ;belos; não se desgrudam: três integrantes moram juntos, todos viajam na companhia uns dos outros e, invariavelmente, combinam cinemas e madrugadas diante da TV, vendo as lutas do UFC.
;No Brasil e no mundo, o momento é da comédia. Emissoras de televisão estão disputando os comediantes. As pessoas querem ir ao teatro pra rir e aqui em Brasília, cada vez mais, essa opção é considerada um bom programa;, acredita Villas-Bôas. Os responsáveis por este caminho aberto, garantem em uníssono, são os integrantes da companhia Os Melhores do Mundo. ;Eles desbravaram, capinaram e cimentaram a estrada pra gente passar. Mostraram que é possível ter sucesso com um grupo de comédia;, reconhece Villas-Bôas. Se a trilha de consagração percorrida pelos ídolos se repetirá no caso deles, ninguém poderá dizer. Mas o presente da Cia de Comédia Setebelos, este sim, é próspero.
750
Panfletos foram impressos para a primeira temporada
20 mil
Panfletos são impressos por semana
Na terra da garoa
Depois de dois meses em cartaz no Teatro Folha, com a peça Terror ; a comédia, a companhia está de malas feitas para voltar a São Paulo. Em março e abril, eles farão temporada na cidade, com dois espetáculos diferentes: enquanto a peça mais recente, Amor de Ahh a Zzz, será encenada no mesmo Teatro Folha, a produção Stand up ao quadrado ocupará o Teatro Renaissance. ;É necessário pegar o know how, ter jogo de cintura. Uma piada que funciona aqui pode não funcionar ali, e vice-versa. Vamos aprendendo a usar o público em nosso favor;, conta Villas-Bôas.
4; Festival Setebelos de Carnaval
De hoje a terça-feira, às 20h, no Teatro dos Bancários ( EQS 314/315; 3262-9090). Hoje: Stand up ao quadrado. Amanhã: A fabulosa comédia. Domingo: Terror - A comédia. Segunda: Qual o seu pedido? - A comédia do improviso - Especial de carnaval . Terça: Amor de Ahh a Zzz. Ingressos a R$ 50 e R$ 25. Não recomendado para menores de 14 anos.