Do frevo às animadas escolas de samba e famosas marchinhas de carnaval: nos quatro dias de festa, Brasília atrai foliões de longe com sua diversidade musical. Cada canto da capital está preenchido com um pedaço de Brasil. Há pernambucanos, paulistas, paraibanos, cariocas curtindo a festa brasiliense, que, sem histórico de tumultos, arrasta milhares de famílias.
O gingado da balconista Marleide Barbosa, 32 anos, revela sua origem. Moradora de Olinda ; terra do frevo e do maracatu ;, a pernambucana voltou ao DF pela segunda vez para pular carnaval. Na mala, não poderia faltar a fantasia original. ;Sempre me fantasio e não poderia ser diferente. O carnaval brasiliense está fabuloso. Estou me sentindo em Olinda;, contou Marleide, pulando no Galinho de Brasília ao lado da irmã Mônica Barbosa, 33, e da sobrinha Maria Luísa, 3.
No meio da multidão se destaca um casal apaixonado. A engenheira civil Cecília Garcia, 47 anos, e o psicólogo Guilherme Castro,48, brincam pela primeira vez no bloco de origem pernambucana. Os dois moram em São Paulo e trocaram a capital mais agitada do país pela tranquilidade das terras candangas. ;É uma festa animada e ao mesmo tempo tranquila, sem confusão. Isso faz dessa folia especial;, observou Guilherme.
Longe de Cuiabá, terra natal de Fernando Henrique Cardoso, 22 anos, a folia ganha ainda mais animação. Visitando a capital da República pela primeira vez, Fernando se diz surpreso com a receptividade brasiliense. ;A cidade é ótima. Fui muito bem recebido;, disse ele, que veio visitar a prima, a administradora de empresas Mara Cardoso, 23. Porém, Fernando se decepcionou com a pouca divulgação das festividades. ;É muito difícil saber onde as coisas estão acontecendo;, pontuou, referindo-se à ausência de divulgação da programação em pontos turísticos. ;Mesmo assim me diverti muito;, garantiu. ;Vou embora às 5h (de hoje), mas aproveitarei o Galinho até o fim.;
A alegria dos blocos Asé Dudu e Mamãe Taguá, na praça do DI, em Taguatinga, contagiou não apenas os nativos da cidade. Até mesmo gente de outros estados prestigiou a festa. A aposentada Maria das Dores Marques, 64 anos, saiu de Pocinhos, na Paraíba, para passar o feriado com as filhas. Trocou a tranquilidade de casa pela agitação carnavalesca. Mas, por causa de problemas cardíacos, apenas observou as apresentações. ;Acho tudo muito bonito. Todo ano vou para o carnaval na minha rua, lá na Paraíba, e é uma alegria só;, disse.
O aeroportuário Marcelo Oliveira, 34 anos, e a mulher, a professora Rita Antônio, 34, levaram pela primeira vez os filhos Thiago, 7, e Trajano, 11, para a folia. Tiago tem paralisia cerebral e estava em uma cadeira de rodas. Mas a necessidade de cuidados especiais não foi impedimento para festejar. Enquanto as músicas tocavam, ele sorria e balançava as mãos. ;Ele adora bagunça;, disse Rita. Acostumada aos grandes desfiles no Rio de Janeiro, a professora estranhou o carnaval em Brasília. ;Aqui o pessoal parece meio tímido. O que falta em Brasília é uma boa bateria;, afirmou.