Jornal Correio Braziliense

Carnaval 2010

Grande Rio e Mangueira brilham no segundo dia de desfile no Rio

O segundo dia do desfile das escolas de samba do Grupo Especial foi marcado por uma grande apresentação retrospectiva, a da Grande Rio, e um encerramento empolgante, o da Mangueira. As duas escolas foram as únicas a levantar o público, que lotou o Sambódromo e ficou até o fim, para ver a passagem da verde e rosa.

O desfile começou pouco depois das 21h, com apresentação da Mocidade Independente de Padre Miguel, que defendeu o enredo Do Paraíso de Deus ao Paraíso da Loucura, Cada um Sabe o Que Procura, sobre os diversos édens místicos e imaginários, na visão do carnavalesco Cid Carvalho.

Em seguida, a Porto da Pedra entrou na avenida para contar a história da moda, desde os tempos primitivos até os dias atuais, com o enredo Com que Roupa eu Vou, pro Samba que Você me Convidou. A escola de São Gonçalo, criada em 1978, ainda busca o primeiro título entre as grandes e apostou no carnavalesco Paulo Menezes para tentar o campeonato, ou pelo menos voltar no próximo fim de semana, no Desfile das Campeãs.

A terceira a desfilar foi a tradicionalíssima Portela, fundada em 1923, mas que desta vez veio com o tema da modernidade, apostando em bits e bytes para falar sobre inclusão digital. Até a águia da escola este ano foi montada em versão futurista, na forma de um robô metálico, que se transformava no símbolo da Portela ao se abrir em frente ao público e aos jurados.

Depois veio a Grande Rio, representante do município de Duque de Caxias, que fez uma retrospectiva dos melhores momentos do carnaval nos últimos 30 anos, trazendo referências nas alas e nos carros alegóricos aos enredos campeões das décadas passadas.

Um dos destaques foi o carnavalesco Joãosinho Trinta, que veio no carro Ratos e Urubus, em alusão a um dos mais polêmicos enredos criados por ele, no qual a imagem do Cristo Redentor foi censurada e precisou ser coberta por um plástico preto para não aparecer.

Mesmo com saúde delicada e precisando de cadeira de rodas para se locomover, Joãosinho fez questão de participar. ;É muito gratificante voltar à avenida e ver aquilo que já passou. É muito emocionante;, desabafou o carnavalesco, que considera as inovações tecnológicas interessantes, mas não necessariamente boas, ;Tudo é válido, mas precisa saber se vai pegar. E isso só o tempo dirá.;

Sobre a tendência dos sambas atuais, Joãosinho foi menos otimista. ;Falta aquele punhado de sambas maravilhosos que havia antigamente. Hoje procura-se num palheiro o bom samba e é difícil encontrar;, criticou ele, que disse não ter uma escola preferida: ;São todas. O meu coração é grande o bastante para caberem todas;.

Depois da Grande Rio, entrou em cena a Vila Isabel, cantando os 100 anos do compositor Noel Rosa, com um samba composto por Martinho da Vila. A Vila fez um desfile correto e de qualidade, mas não chegou a empolgar o público da Sapucaí, como em anos anteriores. A Vila ganhou o último em 2006, com o enredo Soy Loco por Ti, América.

A Mangueira fechou o desfile. A escola entrou motivada, com todos os componentes cantando o enredo Mangueira é Música do Brasil, sobre a música popular brasileira. Na paradinha da bateria, o público repetia junto o refrão: ;Meu coração é verde e rosa, descendo o morro, eu vou. A música, alegria do povo, chegou, a Mangueira chegou;.

Nem mesmo um alerta de incêndio em um dos carros, bem em frente aos jurados, atrapalhou o desfile da escola. Os bombeiros entraram em ação imediatamente, mas descobriram que a fumaça era apenas do gerador de energia. Desfeito o susto, a Mangueira seguiu firme até o final do desfile, sonhando com o título que não conquista desde 2002.