Jornal Correio Braziliense

Carnaval 2010

Em São Paulo, carnaval oferece oportunidades para jovens em busca do primeiro emprego

São Paulo - O primeiro emprego que fez a alegria do jovem Luan Jessé Jesus dos Santos neste começo de ano, não veio de nenhuma atividade regular no comércio, na área de serviços ou na indústria. Ele veio por meio dos preparativos das escolas de samba para a festa do carnaval. Depois de meses em busca de trabalho, Luan, de 18 anos, e concluindo o ensino médio, foi contratado como officeboy pela Escola de Samba Tom Maior, de São Paulo. "Ninguém me contratava porque eu estava em fase de entrar no Exército, estava bem difícil. Um amigo me indicou para a escola, que procurava jovens em busca do primeiro emprego", disse. Luan faz parte de um grupo de paulistanos, que apesar de não constar nas estatistícas oficiais de desemprego da cidade, se beneficia com a economia gerada no carnaval. A SPTuris, órgão da prefeitura de São Paulo, que promove o turismo na capital, estima que 25 mil empregos diretos e indiretos sejam gerados em 52 setores da economia devido ao carnaval. O vice-presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, Marko Antonio da Silva, explicou que a festa não se resume mais ao segundo mês do ano. "Somos uma indústria que emprega o ano inteiro. Neste momento, todas as escolas estão trabalhando no enredo de 2011, já que os deste ano estão todos prontos". Mesmo sem ter dados oficiais, ele estima que as contratações aumentaram em torno de 60% em janeiro, mês que antecede o carnaval. Segundo Silva, os empregos gerados não são apenas as tradicionais costureiras e aderecistas, responsáveis pelas fantasias e carros alegóricos. "A escola de samba é uma casa de espetáculos e emprega manobristas, recepcionistas, garçons, baternderes", disse. Ainda de acordo com ele, a faixa salarial pode variar de R$ 80 a R$ 150 por semana e até R$ 100 mil, que é quanto ganha em média um carnavalesco. O trabalho que o carnaval demanda não são gerados apenas perto do bacarrão da escola - há quem esteja a quilômetros de distância e consiga uma oportunidade de emprego, como é o caso dos cerca de 80 presidiários que estão em Campos (RJ) cumprindo pena e prestam serviços de decoração para a escola Barroca Zona Sul. "Eu pago cerca de R$ 1 por peça e o dinheiro é todo revertido para a família deles", revelou o presidente da escola, Luiz Paulo dos Santos. Santos contou que os detentos recebem o material e são treinados por carnavalescos da escola. "Eles não são preguiçosos ou vagabundos, eles trabalham o dia inteiro e até no fim de semana para dar conta da nossa demanda", disse. O resultado, segundo o presidente da Barroca, é perfeito. "Todas as peças que eles produzem passam no nosso controle de qualidade, são muito bem feitas. Eu sempre recomendo para os empresários contrata-los. Eles são ótimos, além do custo da mão de obra ser mais barato. É um trabalho social importante, uma segunda chance que eles merecem".