Azul, limpo e sem nuvens, o céu de Brasília parece a moldura perfeita para a floração dos ipês-amarelos. Patrimônio cultural da cidade, a imensidão azulada sem manchas que conquistou os compositores Toninho Horta e Fernando Brant ; na canção Céu de Brasília, imortalizada em inúmeras vozes, como a de Milton Nascimento ; faz o casamento ideal com as árvores que, quando floreiam, são o prenúncio para a chegada da primavera, no fim de setembro. Ao longe, pontos de um amarelo que encantariam o mais impressionista dos pintores chamam atenção de quem caminha pelas ruas da cidade. Mais de perto, é possível enxergar o caule grosso e retorcido que contrasta com a delicadeza das flores. Quando a natureza trabalha a serviço da poesia, só resta contemplá-la.
O surgimento dos ipês-amarelos é recebido com entusiasmo e atrai visitantes de todas as regiões do Distrito Federal. A admiração é coletiva e ganha cada vez mais adeptos, com o uso das redes sociais. Lançada em parceria entre o Correio Braziliense e a TV Globo Brasília, em 28 de julho, a campanha Brasília, Capital do Ipê tem recebido cliques de brasilienses que unem duas paixões ; pela fotografia e pela árvore de flores amareladas ; no mesmo propósito. As imagens dos leitores e telespectadores podem ser enviadas com o uso da hashtag #BrasíliaCapitaldoIpe, por meio do Whatsapp (pelo número 9256-3846) e pelo especial do Correio sobre ipês.
Imenso, o ipê cheio de flores da UnB, próximo à Colina, onde viveu Renato Russo, sugere que a temporada de flores nem bem começou, mas está longe de chegar ao fim. Josie Martine, 35, é design de moda e trabalha como auxiliar administrativa em Ceilândia, onde mora. Mas, aos fins de semana, faz o trajeto de quase 40 km até as asas Sul e Norte. Tudo para fotografar as árvores que lhe causam um misto de emoções. O resultado é compartilhado por ela no Instagram e no Facebook. Os elogios de amigos e seguidores são constantes. ;Os ipês amarelos estão começando a florir e não posso perder esse momento. Não acho a viagem cansativa, pelo contrário. Sou apaixonada por Brasília e adoro caminhar pela cidade nesse clima seco. A época que dura de julho até setembro é minha preferida;, comenta Josie, fotógrafa autodidata, que diz se inspirar em imagens que encontra na internet para buscar novos ângulos e composições. ;Amo circular pela cidade. Acompanho diversos fotógrafos pelas redes sociais e, depois, vou ao Plano Piloto para tentar fazer igual;, diz.
Morador do Vale do Amanhecer, em Planaltina, o estudante Wendel Matheus Santos costuma registrar ipês em detalhe, sempre que dispõem de tempo livre. E vale, até mesmo, de dentro do ônibus. ;Do caminho de casa até meu estágio, na Secretaria de Agricultura, contabilizo pelo menos 100 ipês. Para mim, eles são uma marca para a cidade, um símbolo da cultura de Brasília;, acredita o jovem. ;Quando as flores dos ipês ficam amarelas, criam um contraste com o céu que acho incrível. A foto é o que me move e gosto de publicar em tempo real, sem filtros. Os ipês, incríveis, dispensam qualquer edição;, conclui.
Origem
Resistente, a grossura da casa do ipê é responsável pelo nome que a espécie recebe. Em tupi, ipê significa árvore cascuda. Áreas de cerrado e caatinga são as mais comuns para o surgimento dos ipês, que têm mais de 12 espécies catalogadas e, segundo a Novacap, 150 mil árvores espalhadas, no Plano Piloto.
NÚMERO
1.400
Menções à hashtag #brasiliacapitaldoipe no Instagram