Jornal Correio Braziliense

Brasilia Capital do Rock

Integrantes do Ira! e dos Titãs destacam a qualidade do rock da capital

Nasi, Sérgio Britto e Charles Gavin também falam sobre a poética dos garotos da capital federal nos anos 1980

Para quem vivia em Brasília na década de 1980, era impossível não sentir o cheiro de rock no ar. A capital das 300 bandas exalava a crueza dos amplificadores barulhentos pelas entrequadras e pilotis, e foi bater nas rádios e televisões de residências país afora. Quando o som dos roqueiros locais chegou a São Paulo, a identificação foi imediata. Nasi, então vocalista do Ira, lembra-se da primeira vez que viu um show da recém-formada Legião Urbana, na casa Napalm. Era 1983. ;Um lugar pequeno, devia ter umas 100 pessoas;, conta o vocalista. ;O pessoal de Brasília tinha muito a ver com as coisas que a gente ouvia.;

O respaldo dos colegas dos lugares em que o gênero se insurgia, como Rio e São Paulo, foi fundamental para que os roqueiros brasilienses invadissem outras praias. Afinal, na capital federal, eles já eram reis. ;Os cariocas faziam um rock mais tradicional. Já os paulistas tinham influências parecidas com a dos artistas de Brasília: punk rock e pós-punk inglês, The Clash, Joy Division; Houve uma proximidade grande entre nós e a Legião, Plebe Rude e Capital Inicial;, detalha Nasi. ;O impacto e a sintonia foram muito legais, pois a gente vivia meio que numa ilha. A ligação apareceu forte com a turma de Brasília, que também fazia letras de teor existencial, político. O rock brasileiro era mais ensolarado, irreverente;.