Antes mesmo de chegarem à Universidade de Brasília (UnB), Rômulo Manuel Alves, 21 anos; Matheus Fernandes Santos Costa, 24; Mayk Chayenne Gomes, 20; e Pedro Romualdo, 22, tinham muito em comum. Esses quatro amigos, que hoje se consideram irmãos, enfrentaram uma série de obstáculos até realizar o sonho de estudar numa universidade federal. Vieram de longe, nasceram em famílias simples e lutaram com unhas e dentes para chegar aqui. Hoje, eles estudam e vivem na Casa do Estudante Universitário (CEU). Compartilham tudo o que têm e garantem: jamais vão se separar.
[SAIBAMAIS]Rômulo cursa relações internacionais. Veio de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, perseguindo o incansável sonho de estudar numa universidade conceituada. ;Liguei para o meu pai para dar a notícia de que tinha passado no vestibular, mas eu temia que não pudesse vir para cá por conta do dinheiro;, lembra. Depois de uma série de acontecimentos, eis que ele, contando com a sorte, chegou à capital. Quando soube da possibilidade de não ter gastos com moradia, se inscreveu no edital para morar na CEU ; alojamento que recebe estudantes da UnB e os abriga sem custos adicionais.
;Houve uma reunião em que eles disseram como funcionaria isso aqui. Logo depois que terminaram de falar, tivemos que nos juntar, naquele momento, com pessoas desconhecidas para ocupar os quartos;, conta. E foi aí que esses rapazes tiveram as vidas cruzadas. Ansiosos, eles se olharam e, com o auxílio do acaso, escolheram uns aos outros. Logo após a decisão, definiram: a boa convivência se tornaria regra. ;A gente queria fazer de tudo para morar num lugar bom e ter uma relação bacana. A nossa ideia sempre foi se dar bem aqui para crescer junto;, garante Matheus, estudante de enfermagem, que veio de Luziânia.
E foi o que aconteceu. Os quatro amigos fazem absolutamente tudo juntos. Vão ao supermercado, a festas, dividem as despesas do lar e os problemas pessoais. Como se não bastasse tamanha sinergia, eles ainda decidiram empreender. Pesquisaram e compraram uma máquina de lavar roupas de última geração. Hoje, lavam as roupas dos vizinhos e cobram o valor de R$ 10 por lavagem. Todo o dinheiro arrecadado é empregado em melhorias do próprio apartamento. ;Fazemos, em média, umas cinco lavagens por semana, e isso tem feito sucesso. Os nossos colegas deixam as roupas aqui e se impressionam com o vínculo que a gente tem;, diz o brasiliense e estudante de direito Mayk.
O clima familiar é tanto que, quando chegaram ao apartamento, eles organizaram um chá de panelas para ganhar os itens domésticos que ainda não tinham. Em Brasília, fizeram novos amigos e encontraram uma cidade com atmosfera única. ;Brasília é o centro. Até quem mora no Entorno passa a maior parte do tempo aqui, trabalhando e ganhando a vida;, acredita Pedro, estudante de educação física. Para ele, que é apaixonado por esportes, a capital tem um clima especial. ;A cidade tem muitas árvores e espaços livres. O Parque da Cidade é um dos lugares que mais me chamam a atenção. A qualquer hora do dia você vai encontrar gente praticando esportes e curtindo a natureza.;