Bolsa Familia

Programa é principal fonte de renda na maior favela da América Latina

postado em 20/10/2013 08:02
A verba do Bolsa Família é a única fonte de renda de boa parte da população do Condomínio Sol Nascente, em Ceilândia. A informação é da líder comunitária Ivone Jorge de Andrade. Ela não consegue calcular o número de famílias que pedem ajuda por não conseguir ter o cadastro validado no programa de transferência de renda. A comunidade superou a Rocinha no Rio de Janeiro e tornou-se a maior favela da América Latina. Junto ao condomínio vizinho, Pôr do Sol, são 78 mil moradores, segundo a Codeplan.

Priscila Jaiane de Souza é moradora do Sol Nascente e tem dois filhos em idade escolar. Ela está desempregada, como o marido, que faz trabalhos temporários incapazes de gerar renda suficiente para os gastos da família. Em agosto deste ano, Priscila procurou um Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e se cadastrou no Bolsa Família. "Todo início de mês, ligo para saber se vou receber algum valor e até agora não consegui nada. Gostaria de uma explicação, mas só me mandam continuar tentando", informa Priscila.

Maria Luzia de Pires tenta ter acesso ao benefício para auxiliar na criação da filha, que tem síndrome de Down e paralisia cerebral
Assim como Priscila, Maria Luzia de Pires não está trabalhando e apesar de ter se cadastrado, não consegue receber o benefício bloqueado há cerca de sete meses. Com três filhos - a caçula de 2 anos tem síndrome de Down e paralisia cerebral - Maria não consegue procurar trabalho. Toda a família depende da aposentadoria do marido para todas as despesas.

Há dois meses, Maria fez o recadastramento, mas seu cartão permanece bloqueado. Quando procura o Cras, é informada que deve continuar ligando para o 0800 do programa. "Quando morava em Minas Gerais e tinha só dois filhos eu recebia a bolsa, agora quando mais preciso, (o benefício) foi cortado", reclama Maria.

Dificuldades

No Sol Nascente, há muitas famílias que vivem em situação parecida ou pior do que a vivida por Maria. Luciana Pereira dos Santos descobriu há pouco tempo que está com câncer na garganta. Além das limitações que a doença trouxe, ela ainda tem que conviver com tonturas e desmaios causados pela medicação usada para controlar outros problemas de saúde.

Além de tentar sustentar os três filhos, Luciana Pereira dos Santos acaba de descobrir um câncer na garganta
Luciana vive de doações há dois anos, tempo que está desempregada. Ela tem três filhos e assim como outras famílias, mesmo preenchendo os requisitos para receber o benefício do governo federal, a ajuda teria sido cortada.

Quatro filhos, R$ 342 e "graças a Deus"
O exemplo de que o programa pode dar certo e ajudar no sustento de muitas famílias é Maria Francisca da Silva. Mãe solteira de quatro filhos, ela diz receber o auxílio há pouco mais de um ano e que o programa é a única renda de sua casa: "Graças a Deus eu consegui esse benefício porque no ano passado eu fiquei desempregada e estava difícil de cuidar dos meus filhos", diz Maria.

"Quando a minha caçula nasceu, ficou ainda mais difícil. Então eu voltei ao Cras e eles aumentaram o dinheiro", detalha - após o nascimento da filha mais nova, a bolsa saltou de R$ 220 para R$ 342. "Eu tenho mais é que agradecer. Eu não consigo me imaginar cuidando dos meus filhos sem esse dinheiro", conta.

Outro lado
Segundo o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Priscila terá que aguardar o processo de inserção no Cadastro Único para Programas do Governo Federal pois há outras famílias cadastradas anteriormente.

Sobre a outra reclamação, apesar de Maria ressaltar a importância do valor fornecido pelo governo, que durante anos ajudou na alimentação da família, o MDS informou que a família teve seus benefícios cancelados por não sacá-los durante seis meses.

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