Jornal Correio Braziliense

49 anos de Brasilia

Sociólogo diz que Brasília vê crescer exclusão social entre região central e periferia



A capital federal erguida há 49 anos no Centro-Oeste brasileiro, definida atualmente como a ;terra do concurso público; e não mais ;terra de aventureiros;, faz os indivíduos absorverem a característica da meritocracia e aprofunda uma exclusão social dentro do Distrito Federal. A avaliação foi feita hoje (21) - data do aniversário da cidade - pelo sociólogo Brasilmar Ferreira Nunes, em entrevista. ;O efeito é que essas elites se sintam mais seguras do que nunca de seus privilégios, vistos como recompensa de esforço e capacidade intelectual. Pelo fato de se premiar os mais competentes, outras pessoas não têm como questionar o lugar que ocupa dentro da sociedade. Isso começa se transformar em profunda exclusão social entre o Plano Piloto e as cidades satélites. Há uma diferença brutal de níveis de renda e salário;, ressaltou Nunes. No plano cultural as diferenças entre a região central e a periferia igualmente se acentuam. ;No Plano Piloto, temos reprodução de padrões culturais do Rio de Janeiro e de São Paulo. Evidente que há exceções. Temos espetáculos fora de qualquer nível salarial da maioria, que atendem a um perfil de gosto típico de pessoas de alta renda. Não há nada muito original acontecendo no Plano Piloto. Em contrapartida , há, nas satélites, uma explosão de experiências culturais;, acrescentou Nunes. Segundo o sociólogo, Brasília apresenta uma realidade social com características próprias que a tornam um modelo diferenciado em relação a outras grandes cidades brasileiras. ;Brasília é uma cidade particular. É sede do governo federal, tem uma cultura muito galgada na competência e eficiência do servidor público. Oferece características de empregabilidade peculiares, de emprego fixo, garantido, salários razoáveis;, descreveu Nunes.