Enquanto auxiliares do presidente Jair Bolsonaro e até mesmo os filhos dele tentam criticar a China em um sinal de apoio claro ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que o chefe do Executivo pediu ajuda aos chineses para que o leilão da cessão onerosa de petróleo do pré-sal não fosse um fracasso no ano passado.
“As 17 maiores petroleiras do mundo não compareceram ao leilão da cessão onerosa. O que é dramático. Ninguém apareceu para o leilão da maior fronteira do mundo de petróleo”, lamentou Guedes, nesta quarta-feira (05/08), durante audiência pública da comissão mista da reforma tributária, ao criticar o regime de partilha e defender mudanças nos próximos leilões do pré-sal. “Esse regime é muito ruim. O presidente teve que pedir para uma empresa chinesa comparecer e não ficar só a Petrobras no leilão”, afirmou.
Guedes elogiou a proposta do senador José Serra (PSDB-SP) para o fim da exigência do regime de partilha para os leilões do pré-sal, retirando a preferência da Petrobras, passando para concessão. “Aí, as maiores petroleiras do mundo vão comparecer e vamos ter um avanço da energia barata”, comparou. O Projeto de Lei n° 3178, de 2019, que trata da matéria e de autoria do senador tucano ainda está tramitando nas comissões no Senado.
Em novembro de 2019, as estatais chinesas CNODC e CNOOC tiveram participação minoritária do consórcio que pagou R$ 68,194 bilhões dos R$ 69,960 bilhões obtidos com bônus de assinatura da rodada de leilões do pré-sal sob o regime de partilha. A expectativa do governo era arrecadar mais de R$ 100 bilhões com o leilão da cessão onerosa. Esses recursos foram fundamentais para que o governo reduzisse a dívida pública bruta pela primeira vez desde 2013. Vale lembrar ainda que o país asiático é o maior parceiro comercial do Brasil, sendo o principal destino das exportações domésticas.