As operadoras TIM, Vivo e Claro informaram na segunda-feira, 27, que fizeram uma nova oferta vinculante pela aquisição das redes móveis da Oi, agora no valor de R$ 16,5 bilhões, esquentando a disputa pelos ativos e animando acionistas da Oi. Ao fim da pregão, a ação preferencial da Oi fechou em alta de 44,27%, negociada a R$ 2,77, enquanto o papel ordinário teve avanço de 15,82%, para R$ 2,05.
O trio já havia feito uma oferta neste mês de julho, porém o valor não foi informado na ocasião. A própria Oi avalia suas redes móveis em ao menos R$ 15 bilhões. Conforme apurou o Broadcast com fontes, a nova oferta foi 9,2% maior do que a primeira do trio, de R$ 15,1 bilhões.
Logo após TIM, Vivo e Claro tornarem pública a sua proposta inicial, o mercado foi surpreendido pela entrada de um novo concorrente no páreo.
O que está em jogo
Quando se fala nas redes móveis, o que está em jogo não é só a quantidade de clientes da Oi. A operadora, que atravessa recuperação judicial, tem 16,3% de participação no mercado de internet móvel, atrás de TIM (23,2%), Claro (25,6%) e Vivo (33,1%). A importância do ativo também está nas frequências - por onde transitam os sinais de 3G, 4G e do futuro 5G. Quanto mais frequências, maior a abrangência e a qualidade da cobertura oferecida pelas teles.
Na entrevista ao Broadcast, Labriola reitera o interesse em levar a transação adiante, mas diz que isso tem limite. "Enquanto a negociação pela rede móvel da Oi tiver percurso razoável, vamos seguir", explica, ao ser questionado sobre a disposição da tele em, eventualmente, dar um novo lance. Ele também nega que a TIM tenha feito lances por outros ativos da Oi colocados à venda, como o negócio de fibra, torres ou data centers.
Caso o negócio não prospere, ele lembra que há outras opções no mercado para maximizar o portfólio de frequências. Um deles é o leilão do 5G, previsto para ocorrer no primeiro semestre de 2021, quando novas faixas serão oferecidas ao mercado. Além disso, é possível aprimorar o portfólio pela readaptação das faixas (refarming), redirecionando os sinais entre as diferentes faixas que a companhia já possui, de acordo com o espaço disponível em cada uma delas.
Por outro lado, o executivo defende a proposta conjunta de TIM, Vivo e Claro como a melhor tanto para os clientes da Oi, quanto para todas as teles envolvidas e para o setor como um todo. "Uma redistribuição da frequência diferente da atual permitirá uma melhoria da qualidade do serviço para os clientes das operadoras de todo o Brasil", argumenta.
Regras da oferta
O diretor regulatório e institucional da TIM, Mario Girasole, acrescenta que a proposta conjunta foi moldada com o objetivo de não esbarrar em barreiras regulatórias nem concorrenciais.
No primeiro caso, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) veta que alguma operadora tenha, sozinha, mais que 35% das frequências disponíveis. Por sua vez, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) restringe uma concentração de mercado excessiva, em termos de clientes e localidades.
"Na oferta, tentamos construir uma repartição dos ativos da Oi para minimizar as concentrações. A repartição geral foi feita tendo como referência o critério regulatório e concorrencial", explica, sem revelar, entretanto, a fatia que caberia a TIM, Vivo e Claro na transação.
Girasole diz ainda que o fato de a Oi ter assinado um acordo de exclusividade com a Highline não é uma barreira para a proposta conjunta do trio. A exclusividade serve apenas para verificar se a Highline tem condições para se apresentar com um stalking horse (principal proponente) no leilão da rede móvel da Oi.
Saiba Mais
A venda dos ativos da Oi ainda depende de aprovação dos credores em assembleia que está prevista para ocorrer em agosto.