Em meio à crise provocada pela pandemia de covid-19, o Banco Central registrou aumento nas concessões de crédito pelo sistema financeiro pelo segundo mês consecutivo, e o volume acumulado no primeiro semestre cresceu 4,2%, totalizando R$ 3,6 bilhões. Foi a maior taxa de crescimento desde 2013.
Em relação a maio, o crescimento do total de concessões foi de 0,8%. No acumulado em 12 meses encerrado no mês passado, o avanço foi de 9,8%. “Isso mostra uma aceleração nas concessões de crédito, porque, em maio, essa taxa anualizada estava em 9,2%”, destacou do chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha.
O volume de concessões de crédito para pessoa física avançou 14,2% entre maio e junho, para R$ 166,2 bilhões. Para as pessoas jurídicas, a alta foi de 9,8% na mesma base comparação, alcançando R$ 155,7 bilhões. Segundo Rocha, o avanço dos empréstimos para a pessoa física foi impulsionado pelo financiamento imobiliário (25,1%), e de veículos (44,8%).
Segundo Rocha, o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao Pronampe, programa para pequenas e médias empresas, foi um dos principais responsáveis pelo crescimento do crédito à pessoa jurídica. O volume avançou de R$ 91,3 bilhões para R$ 97,5 bilhões entre maio e junho. “Dos R$ 6,2 bilhões a mais nesse montante, R$ 5 bilhões foram majoritariamente atribuídos aos recursos do Pronampe”, afirmou.
Juros altos
Apesar de a taxa básica (Selic) estar no menor patamar da história, de 2,25% ao ano, e de os juros terem caído, de forma geral, o custo do crédito ainda é elevado. As taxas do rotativo do cartão de crédito, por exemplo, passaram de 305% para 300,3% ao ano, entre maio e junho, ficando acima dos 285,7% cobrados em dezembro de 2019.
Rocha orientou as pessoas a buscar outras modalidades de financiamento. “Existem diversas linhas de crédito com juros e condições melhores. Os clientes bancários devem buscar esses financiamentos em vez de se endividar no rotativo”, aconselhou.
Os juros do cheque especial passaram de 116,1% para 110,2% ao ano de maio para a junho. As taxas de juros para a pessoa física saíram de 42,9% para 40,7% ao ano, na mesma base de comparação. A taxa de inadimplência recuou de 3,2% para 2,9%, como resultado da reestruturação de dívidas pelos bancos, na avaliação de Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac).