Responsável por 21% do Produto Interno Bruto (PIB) e por 20% dos empregos do país, o setor agropecuário continua em franco crescimento. De acordo com estimativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), nos próximos 10 anos, a produção de grãos deverá crescer 27%, passando das atuais 250,9 milhões para de 318,3 milhões de toneladas na safra 2029/2030. Ou seja, um crescimento de 2,4% ao ano.
As previsões são do estudo Agronegócio, Brasil 2019/20 a 2029/30, feito pela Secretaria de Política Agrícola do Mapa, pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pelo Departamento de Estatística da Universidade de Brasília (UnB). O trabalho também prevê o aumento da área plantada, de 65,5 milhões hectares, atualmente, para 76,4 milhões de hectares.
“As projeções apontam para redução das áreas de arroz e feijão e aumento da área plantada de soja e milho”, informa o material. A soja, por exemplo, passaria de 23,5 milhões de hectares plantados em 2009/2010, para 46,6 milhões de hectares em 2029/2030, quase o dobro.
Segundo o trabalho, o aumento da produtividade deverá impulsionar o setor. “Foram feitas projeções dos índices de produtividade total dos fatores (PTF), e verificou-se que a taxa média de crescimento para o próximo decênio deve ficar pouco abaixo à que o Brasil tem crescido, 2,93%, enquanto a média do período 1975-2017 foi de 3,08% ao ano”, informa o texto.
Professor do curso de Ciências Econômicas do Iesb, Luís Guilherme Alho destaca a importância do agronegócio para a economia do país. “O Brasil é um dos países que apresentam um laboratório de aprendizado das inovações nesse setor. Muitas empresas testam novas tecnologias no Brasil, diante da disponibilidade da produção de grãos e carnes em geral”, explicou. Além disso, há o incentivo ao comércio internacional. “O Brasil se destaca e consolida parcerias significativas por conta desse setor”, disse.
O professor destaca a necessidade de outros setores também apostarem na inovação. “É muito importante que o Brasil cresça não só na agropecuária, mas em diversos outros setores, com base em aumento de produtividade. Desde o início do século 20, o país registrou crescimento da economia em diversos fatores, mas a produtividade foi o menos intenso”, avaliou.
Alho ressalva, porém, que, embora enfatize a necessidade de investir na produtividade, o estudo não define de onde virá esse investimento. “A gente sabe que na próxima década dificilmente contaremos com investimento público”, disse. Portanto, observou, os recursos deverão vir da iniciativa privada e, para isso, políticas que busquem atrair esses investimentos devem ser pensadas.