Economia

Gastos de brasileiros com viagens no exterior desabam 93,7% em junho

Resultado ajudou a melhorar saldo do balanço de pagamentos, que ficou positivo em US$ 2,2 bilhões no sexto mês do ano. No acumulado do ano, deficit somou US$ 9,7 bilhões

A pandemia de covid-19 está afetando drasticamente os gastos de brasileiros no exterior com  viagens internacionais, ajudando a reduzir o deficit do balanço de pagamentos do país com o resto do mundo. 

 

De acordo com dados do Banco Central divulgados nesta terça-feira (28/7) na nota mensal do setor externo, as despesas líquidas encolheram 93,7% no mês de junho em comparação com mesmo mês de 2019, para US$ 72 milhões. Esse recuo ajudou a reduzir o deficit na conta de serviços em 61,4% na mesma base de comparação, para US$ 1,4 bilhão. 

 

No acumulado do semestre, o saldo negativo de despesas de brasileiros com viagens no exterior ficou em US$ 1,7 bilhão, valor 70% inferior ao deficit de US$ 5,7 bilhões computados no mesmo período do ano passado.

 

O relatório do BC ainda mostra que as transações correntes ficaram superavitárias em US$ 2,2 bilhões em junho, revertendo o deficit de US$ 2,7 bilhões no balanço de pagamentos do mesmo mês do ano passado. “Essa mudança decorreu, principalmente, da redução de US$ 2,2 bilhões no déficit em serviços e do aumento de US$2,2 bilhões no superavit comercial”, explicou a nota do BC. 

 

O déficit em transações correntes no primeiro semestre de 2020 somou US$ 9,7 bilhões, registrando recuo de 53,6% em relação ao saldo negativo de US$ 21,0 bilhões registrados no período correspondente de 2019, conforme os dados da autoridade monetária. Esse resultado no semestre foi puxado pela conta financeira, que ficou negativa em US$ 8,6 bilhões no acumulado do semestre.

 

O déficit em transações correntes nos 12 meses encerrados em junho somou US$ 38,2 bilhões, ou 2,35% do Produto Interno Bruto (PIB), ante US$ 43,1 bilhões (2,58% do PIB) até o mês anterior. 

 

Os dados do BC ainda mostram que os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 4,8 bilhões, ante US$ 574 milhões no mesmo mês de 2019. Os ingressos líquidos em participação no capital e em empréstimos intercompanhia atingiram US$ 3,0 bilhões e US$ 1,8 bilhão, respectivamente.  No acumulado em  12 meses encerrados em junho de 2020, o IDP totalizou US$ 71,7 bilhões, correspondendo a 4,41% do PIB, em comparação a US$ 67,5 bilhões (4,05% do PIB) no mês anterior.

 

Estimativas parciais

Pelas estimativas parciais de julho, o saldo de saídas líquidas até o dia 23 ficou negativo em US$ 3,7 bilhões, sendo que a conta financeira ficou negativa em US$ 4,3 bilhões e o saldo da balança comercial estava positivo em US$ 620 milhões. Contudo as estimativas do BC para o mês são de superavit de US$ 0,5 bilhão, enquanto a de IDP é de ingressos líquidos de US$ 2 bilhões.

 

No mês passado, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o Banco Central mudou a estimativa para o deficit em transações correntes para US$ 13,9 bilhões, dado inferior ao rombo de US$ 41 bilhões estimado em março. Enquanto isso, reduziu a perspectiva para para entrada de IDP no país,  de US$ 60 bilhões para US$ 55 bilhões.

 

Reservas internacionais

Conforme os dados da nota do BC, o estoque de reservas internacionais atingiu US$ 348,8 bilhões em junho. Houve aumento do estoque em US$ 3,1 bilhões no mês, principalmente, da receita com juros e do resultado positivo de US$ 1,8 bilhão “nos diferentes instrumentos de intervenção no mercado de câmbio”, sendo US$ 1,8 bilhão de retornos líquidos em linhas com recompra, US$ 1,1 bilhão de retornos líquidos nas operações compromissadas em moeda estrangeira, e US$ 1 bilhão ão de vendas à vista.