Economia

De olho no potencial futuro


"Havendo vacina, tudo voltará ao que era antes, talvez com algumas exceções. Não acredito numa concentração maior no setor aéreo"

Rodrigo Vilaça, CEO do Grupo Itapemirim




A crise freou a ampliação do mercado de aviação comercial no país. Com mudanças regulatórias que tornaram as regras mais aderentes às internacionais, o Brasil começava a atrair empresas de baixo custo antes da pandemia. Apesar da retração provocada pelo novo coronavírus, o potencial do mercado não encolheu, assegura o diretor da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) no Brasil, Dany Oliveira. “O Brasil pode alcançar mais de 472 milhões de passageiros ao ano, empregando de 3,2 milhões de pessoas até 2037, caso resolva gargalos, como alto custo de operação, especialmente combustível de aviação, judicialização e ineficiências do sistema”, afirma.

De olho nesse potencial, duas novas companhias pretendem alçar voo já em 2021. A Nella Linhas Aéreas vai atender ao mercado regional, com quatro aviões turboélices ATR-42, com capacidade para 48 passageiros. Baseada em Brasília, quer focar nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O CEO da empresa, Maurício Souza, brasileiro que mora em Orlando, diz que a Nella não vai oferecer concorrência às grandes companhias. “Nossa empresa estava planejada há três anos e ia buscar parceria com as grandes do mercado, que estão com problemas agora. Nossa companhia veio para sanar uma lacuna”, conta.

Com o perfil de complementar rotas, a Nella tem um acordo em andamento com uma das grandes. “Queremos atender onde o custo do jato é muito alto. Com o ATR podemos suprir certas demandas, porque a máquina é barata, o consumo é muito menor”, explica Souza. “Ainda esperamos o retorno da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), mas, a ideia é voar em março ou abril do ano que vem”, ressalta.

Consolidado no transporte terrestre, o Grupo Itapemirim também planeja voar no primeiro semestre de 2021. O processo na Anac já está em andamento e a empresa tem como foco inicial os hubs de Brasília, Guarulhos (SP) e Recife, conectando diversas cidades. As rotas e as aeronaves ainda estão sendo definidas.

O CEO do grupo, Rodrigo Vilaça, acredita que as mudanças no setor aéreo serão transitórias e em um período curto. “Havendo vacina, tudo voltará ao que era antes, talvez com algumas exceções. Não acredito numa concentração maior no setor aéreo”, diz.

Para ele, o setor de transporte já está mobilizado para encontrar soluções e alternativas para a retomada. “Entre as principais tendências, destaco iniciativas que prezam pela integração dos meios e pela oferta de serviços de alta qualidade, que garantam conforto e segurança aos passageiros”, diz. “A Itapemirim é uma das empresas de transporte mais tradicionais do país. Celebramos o novo momento com a entrada no setor aéreo. Para os próximos meses, temos o grande desafio de criar uma companhia prime”, acrescenta.