O bom exemplo que vem de empreendedores como Daniel Viana e sua confeitaria, em Sobradinho, no entanto, não significa que a crise chegou ao fim para as micro e pequenas empresas brasileiras. Afinal, ainda é grande o número de negócios que enfrentam dificuldades, sobretudo devido à dificuldade de acesso ao crédito.
“O estancamento na queda de faturamento sinaliza um tímido movimento de recuperação. Mas, ainda, estamos longe de vencer a crise", reconhece o presidente do Sebrae, Carlos Melles. Ele explica que milhares de micro e pequenas empresas continuam sem capital de giro para investir no digital ou repor o estoque para reabrir as portas, pois seguem encontrando barreiras no acesso ao crédito. “A situação das pequenas empresas parou de piorar porque estamos nos adaptando melhor ao digital e porque a reabertura já permite uma certa flexibilização no funcionamento. Mas, o crédito ainda é muito pouco, é o principal entrave”, aponta.
De acordo com o Sebrae, devido ao prolongamento da pandemia, subiu de 30% para 46% o volume de pequenos negócios que precisaram pedir empréstimos nos bancos para tentar sobreviver à quarentena. Porém, mesmo com medidas emergenciais como o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), a taxa de aprovação do crédito só avançou de 16% para 18%. Por isso, 57% dos empresários que procuram os bancos ainda têm tido os pedidos de financiamento recusados.
Negativação
A pesquisa do Sebrae mostrou, também, que o principal motivo para a recusa dos bancos é a negativação do CPF do empreendedor ou do registro da empresa (29%). Também é grande, porém, o número de empresas que não foram informadas pelos bancos do motivo dessa negativa (14%) e das empresas que ainda sofrem com falta de garantias ou avalistas (10%). Afinal, o Pronampe não chegou a todos os bancos e já acabou nas instituições em que começou a ser operado. Por isso, muitas empresas ainda têm que procurar as linhas tradicionais de financiamento, sem as garantias do Tesouro.
Além disso, o Sebrae admite que nem todos os pequenos negócios tiveram as mesmas chances de recuperação. E calcula que cerca de 3% dos pequenos negócios brasileiros precisaram fechar as portas.
Carlos Melles alerta que, se nada for feito nesse sentido, o impacto será grande para todos. Afinal, as pequenas empresas representam 27,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e 52% dos empregos formais do Brasil. E, se continuarem em dificuldade, vão acabar reduzindo o estoque de emprego e a atividade econômica brasileira, retardando ainda mais a retomada. (MB)