A pandemia do novo coronavírus derrubou em 70% o faturamento da confeitaria que Daniel Viana mantém com os pais em Sobradinho. Mas eles não se deixaram abater e aproveitaram a crise para reinventar o próprio negócio. Hoje, a empresa está mais moderna e a família já conseguiu recuperar boa parte das perdas sofridas no início da quarentena. E eles não são os únicos. Segundo o Sebrae, apesar da contração da atividade econômica e das dificuldades de acesso ao crédito, as micro e pequenas empresas brasileiras estão começando a se adaptar ao novo normal.
Pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) explica que 59% dos 17 milhões de pequenos negócios no país interromperam suas atividades devido às medidas de distanciamento social impostas entre março e abril deste ano. E quase 90% dessas empresas perderam parte do seu faturamento. Porém, esses números vêm caindo mês a mês, à medida que os pequenos negócios vão se adaptando aos desafios econômicos trazidos pela pandemia do novo coronavírus.
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O empreendedor de Sobradinho conta que, no início da quarentena, chegou a faturar apenas 30% da receita. Por isso, precisou fazer algumas demissões e suspender temporariamente o contrato de trabalho de outros funcionários. Porém, aproveitou a crise para remodelar o negócio, ampliando as vendas on-line e o delivery, e adaptando o cardápio a esse novo modo de consumo. Por isso, já conseguiu chamar de volta quase todos os empregados que tiveram o contrato suspenso e recuperar a maior parte do faturamento. “O primeiro choque foi pesado, mas, a partir daí, começamos a definir estratégias do que poderia ser feito. Por isso, conseguimos uma recuperação interessante com o passar do tempo. Depois de cair a 30% do faturamento normal, vimos as receitas crescendo cerca de 10% por semana. E, hoje, já recuperamos quase 90% das receitas”, conta Daniel.
Plataformas
Segundo ele, a recuperação só foi possível devido ao fortalecimento da confeitaria nas plataformas digitais. É que, apesar de a empresa continuar aberta para retirada, boa parte dos pedidos está sendo feita por redes sociais para entrega em domicílio. Ao conversar com o Correio, Daniel estava prestes a levar o lanche de um dos clientes.“Nós estávamos nas redes, mas não tínhamos uma comunicação com o cliente. Basicamente, só postávamos fotos de vez em quando. Hoje, não. Temos uma comunicação mais assertiva, instalamos um cardápio on-line gratuito, começamos a utilizar o WhatsApp como forma de venda e também passamos a vender por aplicativo”, conta Daniel Viana. E ele explica que, como já tinha computador e celular, não precisou de grandes investimentos para dar a guinada no negócio. Decidiu, também, atualizar o cardápio para se encaixar melhor à nova forma de consumo. “A gente fazia delivery só para grandes festas. Mas, agora, fazemos delivery de produtos pequenos como lanche, pão, salgados”, complementa.
Segundo o Sebrae, o digital é, de fato, a chave para a sobrevivência das pequenas empresas durante o período de isolamento social e também para o crescimento desses negócios no pós-pandemia. Afinal, o novo normal tende a ser cada vez mais tecnológico. “As empresas começaram a retomar as vendas e o faturamento. E é o acesso ao digital que tem dado um ânimo novo. As redes sociais ajudaram muito. E continuar nesse caminho é fundamental, pois o comércio físico vai conviver cada vez mais com o e-commerce”, destaca o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
É por conta disso que o Sebrae tem feito parcerias com plataformas de comércio eletrônico e trabalhado na capacitação digital dos microempreendedores. A procura pelo curso de Marketing Digital do Sebrae praticamente triplicou na quarentena, com cerca de 177 mil empreendedores interessados em aprender a vender seus negócios na internet. Por isso, não é só Daniel que credita a reinvenção do próprio negócio ao processo de transformação digital. Segundo o Sebrae, 12% das pequenas empresas brasileiras adaptaram o seu negócio para o virtual só nos últimos dois meses. Assim, subiu de 37% para 44% o percentual de pequenos negócios que usam ferramentas digitais; e caiu de 39% para 23% o total de empresas que só funcionam presencialmente
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