Economia

Presidente do Banco do Brasil: 'Reforma ambiciosa preocupa'

Rubens Novaes disse, ainda, que a expansão de despesas, em consequência da crise sanitária, não deve permanecer no ano que vem

O Brasil vive um momento de recuperação lenta e aparentemente sólida, mas os índices de inflação e de inadimplência poderão crescer no período pós-pandemia, assinalou o presidente do Banco do Brasil, Rubens Novaes, durante live da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Ele demonstrou, ainda, preocupação com os termos em que vem sendo discutida a “ambiciosa” reforma tributária, no Congresso Nacional. E disse, ainda, que a expansão de despesas, em consequência da crise sanitária, não deve permanecer no ano que vem.


“Tivemos uma queda brusca da economia, e vamos para uma recuperação de forma alongada. Os resultados têm surpreendido positivamente. Diversos economistas estão revendo suas projeções e o próprio governo já prevê queda do Produto Interno Bruto (PIB) menor do que 5% em 2020”, disse Novaes. O presidente do BB lembrou que a agricultura vem tendo ótimo desempenho e que o comércio e a indústria se adaptaram à nova realidade. O problema está no setor de serviços, que só deverá reagir, “quando as pessoas voltarem a circular livremente”.


Para Novaes, o equilíbrio das contas públicas no futuro depende do controle dos gastos. “As medidas (de auxílio a pessoas físicas e a micro, pequenos e médios empresários) têm que terminar em 31 de dezembro. Senão, vamos perder a confiança. Consumidores e investidores estão olhando para as perspectivas das contas”. Para incrementar a atividade econômica, no curto prazo, é preciso “deixar a população trabalhar”. “Não se pode impedir que as pessoas lutem pela sobrevivência. A meu ver, passou o pico da pandemia.”

Tributos

Somada às incertezas quanto à duração da crise sanitária, ele reclamou que uma reforma tributária ampla é mais um ingrediente no contexto de insegurança. “Aí, se coloca uma reforma tributária muito ambiciosa. Tenho medo dessa reforma que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), colocou em primeiro plano. Pode gerar traumas na população. Quando se envolve todos os entes federados, a tendência é de aumento de tributos”, alertou.

 


Novaes defende, assim como o ministro da Economia, Paulo Guedes, mudança mais modesta, com foco em alguns tributos. Sobre a inflação, ele disse que tem “receio de que não continue tão baixa, quando essa quantidade de moeda voltar a circular”. “Hoje em dia, está havendo um empoçamento de moeda (porque as pessoas estão mais em casa)”, destacou.


O executivo voltou a defender a privatização do BB. “Uma empresa estatal com capital privado é uma anomalia. Ou você é público ou você é privado”, afirmou, ao criticar o que chamou de política de compadrios e corrupção no setor público. “Qualquer liberal que tentar entrar nesse meio vai receber uma rejeição, como um vírus que tenta entrar em um organismo. É muito difícil para um grupo de liberais trabalhar no ambiente político de Brasília”, completou.