Economia

Consenso sobre o auxílio

Apesar das discussões ainda divergentes sobre o rumo dos programas sociais no pós-pandemia, há um consenso de que o auxílio emergencial cumpriu o seu papel de amparar os mais pobres. A ajuda conseguiu amenizar o tamanho do tombo da economia na crise do novo coronavírus. Estudo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) chega a afirmar que a retração do PIB poderia ser quatro pontos percentuais maior não fossem os R$ 600.

A análise explica que o benefício permitiu a manutenção da renda de 65,2 milhões de trabalhadores que poderiam ficar sem nenhum tipo de rendimento na quarentena e, dessa forma, assegurou a continuidade do consumo. “Essas famílias têm uma propensão marginal a consumir muito alta. Então, pegam esse dinheiro e levam direto para o consumo. Isso impacta a demanda e logo impacto o PIB”, explica o professor do Programa de Pós-Graduação em Economia Regional e Desenvolvimento da UFRRJ, Joilson Cabral.

Ele ainda ressalta que, como quem tem fome tem pressa, boa parte dos R$ 121 bilhões que o governo já pagou aos beneficiários do auxílio emergencial foi gasta de forma praticamente instantânea, sobretudo, em bens de primeira necessidade. Ou seja, em alimentação, bebidas, remédios e produtos de limpeza. Por isso, tem contribuído com a manutenção da produção e do comércio desses produtos. Um dos contemplados pelos R$ 600, o desempregado Lucas Pereira, de 27 anos, confirma que o benefício tem ajudado a fazer a feira do mês e a pagar contas como água e energia.

Incógnita

Por conta disso, a UFRRJ calcula que o auxílio já amenizou a queda do PIB do Brasil em dois pontos percentuais. E diz que o auxílio pode reduzir esse tombo em até 4,21 pontos até o fim do ano, já que ainda será pago por mais dois meses. Ao todo, o governo espera liberar R$ 254,2 bilhões com o auxílio emergencial. Afinal, admite que os R$ 600 têm sido a principal fonte de renda de 93% dos domicílios mais pobres do país e conseguiu elevar o padrão de vida em 23 milhões de residências brasileiras.

Parte disso já pôde ser sentida pelos indicadores econômicos. Para os economistas, o crescimento de 16,9% do varejo, que pegou muita gente de surpresa nessa semana, se deve em boa parte ao auxílio emergencial. Afinal, a recuperação das vendas foi observada mesmo em um cenário de alta do desemprego. “A massa salarial teve uma queda de R$ 7,3 bilhões no último trimestre. Mas, em maio, houve o pagamento de uma parcela do 13º salário dos aposentados e do auxílio emergencial, benefícios que a massa de rendimento não engloba”, destaca o gerente da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, Cristiano Santos. (Colaborou Jailson Sena)