Esperança de financiamento dos pequenos negócios durante a pandemia do novo coronavírus, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) demorou a chegar à prateleira dos bancos. Por isso, praticamente já se esgotou nas instituições financeiras em que começou a ser operado.
O Banco do Brasil (BB) emprestou todos os R$ 3,7 bilhões que disponibilizou para o Pronampe a 60 mil micro e pequenas empresas em apenas oito dias. A Caixa também esgotou os seus R$ 3,18 bilhões nesta semana. Ontem, o Ministério da Economia aumentou os limites das duas instituições. O BB recebeu mais R$ 1,24 bilhão e a Caixa, mais R$ 1,06 bilhão. Mas os empréstimos continuaram acelerados. Por isso, já resta pouco desse novo recurso.
Paralelamente, o Itaú anunciou o início da operação do Pronampe, que foi regulamentado pelo governo há cerca de um mês. Foi o primeiro banco privado a se habilitar no programa. Também recebeu alta demanda e chegou até a registrar instabilidade no sistema no início dos empréstimos. Quando normalizou a operação, acabou emprestando 70% de todos os recursos que tinha para o programa.
Ao final do expediente bancário de ontem, o Itaú informou que, em menos de 24 horas, emprestou R$ 2 bilhões dos R$ 3 bilhões direcionados ao Pronampe. A contratação foi realizada pelo App Itaú Empresas para cerca de 17 mil micro e pequenas empresas clientes do banco. “Pelo ritmo que vimos nessas primeiras 24 horas, os recursos devem se esgotar antes mesmo do meio-dia de segunda-feira”, afirmou o diretor executivo comercial do Banco de Varejo do Itaú Unibanco, Carlos Vanzo.
A rapidez na concessão dos empréstimos revela a grande necessidade de crédito das micro e pequenas empresas. Porém, ainda não fez os outros grandes bancos se apressarem para entrar no Pronampe. Segundo o governo, mais de 20 instituições financeiras já mostraram interesse em operar o programa. Procurado, o Bradesco disse que deve começar a operar o Pronampe até o fim do mês. Já o Santander pretende liberar esses empréstimos a partir de agosto.
Os pequenos negócios querem que o processo seja acelerado e mais bancos comecem a disponibilizar os financiamentos, já que o setor ficou praticamente sem capital de giro durante a pandemia, e a demanda reprimida é grande. Segundo o presidente da Confederação Nacional das Micro e Pequenas Empresas e Empreendedores Individuais (Conampe), Ercílio Santinoni, o segmento precisa de R$ 200 bilhões para se restabelecer.
Porém, os pequenos não têm conseguido se financiar dos bancos, já que não têm garantias a oferecer. Por essa razão, a demanda acabou concentrada no Pronampe, que disponibiliza R$ 15,9 bilhões de garantias do Tesouro para os pequenos negócios — recursos que, segundo a Conampe, não serão suficientes, mas ajudarão a salvar milhares de pequenos negócios. (MB)