"A expectativa era de uma alta de 6%, mas veio quase 14%", explicou o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes. E essa melhora foi ainda maior no comércio varejista ampliado, que considera as vendas de veículos e materiais de construção: 19,6%, ante uma expectativa de aproximadamente 7% do mercado.
Por isso, os economistas dizem que, apesar ter se dado sobre uma base extremamente comprimida e ainda não ser suficiente para reverter todas as perdas causadas pela pandemia de covid-19, esse crescimento traz um alívio para as projeções de queda da atividade econômica brasileira. Afinal, o comércio representa um dos principais componentes do PIB do Brasil.
A CNC, por exemplo, já revisou a sua projeção para o desempenho do varejo brasileiro em 2020. A entidade esperava que o varejo restrito sofresse um baque de 8,7% neste ano e o varejo ampliado, uma queda de 10,1%. Mas, diante dessa surpresa de maio, revisou essas projeções para -6,3% e -9,2%, respectivamente.
E agora há uma expectativa de que parte do mercado revise suas perspectivas para o PIB do segundo trimestre deste ano, que estavam indicando quedas superiores a 10% da atividade econômica. "O resultado acima das expectativas impõe um viés positivo para a nossa projeção de PIB para 2020 (-6%)", admitiu a economista da XP Investimentos, Lisandra Barbero.
Os especialistas lembram, por sua vez, que ainda é preciso ter cautela com esse otimismo. Afinal, esse crescimento se deu sobre uma base muito deprimida, já que em abril o varejo ficou praticamente todo o mês fechado.
Além disso, é preciso olhar para os outros setores econômicos. A indústria, por exemplo, também avançou em maio, mas não tão acima das expectativas do mercado - a alta foi de 7%, segundo o IBGE. Já os serviços ainda terão seus resultados divulgados. E esses dados podem não vir tão positivos, já que ainda estão em boa parte sujeitos às medidas de distanciamento social.