A discussão sobre a fonte dos investimentos que serão necessários para a retomada da economia brasileira no pós-coronavírus voltou à tona hoje. É que o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi provocado a falar do assunto em live com a indústria de base. E ele reforçou que, no seu entendimento, os investimentos devem ser privados e não públicos. "Só falta agora um PAC novo para a gente empacotar de uma vez o Brasil", reclamou.
Segundo Guedes, o governo não tem espaço fiscal para fazer um grande programa de obras e investimentos públicos, como chegou a sugerir a Casa Civil, através do plano Pró-Brasil, no auge da crise econômica causada pelo novo coronavírus. Por isso, teria que ampliar impostos, elevar os juros, aumentar o endividamento público e ainda emitir moeda para poder bancar um programa como esse. E, assim, estaria aprofundando a crise em que já se encontra a economia brasileira.
"Tenho certeza que não é isso que você quer", alertou o ministro da Economia, para os empresários da indústria. Ele disse, então, que houve um desacerto na apresentação e no entendimento do Pró-Brasil. E defendeu que o foco do governo deve continuar sendo o investimento privado na retomada do pós-coronavírus.
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Destacando que é um liberal-democrata, Guedes disse que o governo até poderia fazer algumas obras chave no pós-coronavírus. E citou como exemplo as obras que vêm sendo tocadas pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e também alguns dos projetos que o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, com quem Guedes teve um atrito devido ao Pró-Brasil, quer fazer no Nordeste. Porém, destacou que este deve ser apenas um capítulo do "caminho para a prosperidade".
O ministro da Economia reforçou que o Brasil deveria focar na modernização dos marcos regulatórios, na agenda de concessões e privatizações e na reforma tributária para atrair investimentos. E garantiu que, ao reduzir boa parte dessas burocracias e incertezas, seria possível voltar a atrair investimentos para o Brasil. "Só tem um jeito de crescer, de gerar emprego e renda. É investindo. E quem vai investir? O mundo inteiro vai investir no Brasil", frisou. Ele lembrou ainda que outras economias já se recuperaram de crises intensas por meio do investimento privado, como a Alemanha, o Japão e o Chile.
Guedes, contudo, admitiu que, no primeiro momento, será mais fácil atrair investimentos nacionais do que investimentos estrangeiros. "Hoje tivemos um almoço com dez empresários importantes. E todos eles estão confiantes, expandindo investimento", contou. O ministro recebeu, junto com o presidente Jair Bolsonaro, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, e alguns de seus associados em Brasília nesta sexta-feira.