Maior terminal portuário da América Latina, o Porto de Santos é um desafio logístico. Localizado na Baixada Santista, cercado pela Serra do Mar, com 800 metros de desnível, e completamente integrado à cidade de Santos, o terminal enfrenta dificuldades de ampliação tanto do acesso quanto das retroáreas para armazenagem. Não à toa, está em curso o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) do Porto de Santos.
No entanto, para Áureo Emanuel Pasqualeto Figueiredo, engenheiro, doutor e diretor da Faculdade de Engenharia da Universidade Santa Cecília (Unisanta), o PDZ é hora de corrigir erros do passado, e não de aumentar equívocos. “O que o PDZ quer fazer, neste momento, é colocar armazéns de fertilizantes perto da área mais habitada da cidade. Isso é uma medida discutível. A região que era de mangue, de orla de um estuário, foi incorporada ao porto para que fossem construídos armazéns, isso também é outro objeto de questionamento jurídico”, defendeu.
Segundo o especialista, desce de navios, por ano, um milhão de pessoas na temporada de verão. “É uma questão de bom senso discutir isso. Querem aumentar a quantidade de fertilizante nas barbas da cidade. De um lado, é a rua das casas e, do outro lado, é o porto, por onde transitam os turistas”, elencou.
Por ser necessário cruzar uma imensa área urbanizada, o acesso ao Porto de Santos é outro grande obstáculo logístico, explicou o engenheiro. “Precisamos dosar a questão da intermodalidade de transporte. Enquanto temos 15 mil caminhões por dia chegando ao porto, as ferrovias transportam menos de um terço da sua capacidade nominal”, comparou.
Por ser um porto multicargas, com alocação de produtos perigosos, como granéis líquidos, que podem apresentar emissões, emanações de gases, explosivos, e granéis sólidos, finos em suspensão, com facilidade de explosão, é preciso buscar novas tecnologias para reduzir os riscos.
Privatização
O governo já iniciou os estudos de privatização do Porto de Santos. Para José Tavares de Araújo Jr., diretor do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes), é preciso ressaltar que o que torna um porto eficiente é sua governança e, não necessariamente, ser público ou privado. “Um estudo do Cindes, sobre governança de portos, compara a situação dos portos no Brasil com outros do resto do mundo. Podemos encontrar portos eficientes e ineficientes de todos os portes, estatais como Roterdã (holandês), mistos como os chineses, e privados como os americanos”, enumera. (SK)