Economia

Banco Central projeta ampliação do crédito brasileiro em 2020

A autoridade monetária elevou de 4,8% para 7,6% a projeção para o crescimento do estoque de crédito brasileiro em 2020

Mesmo com milhares de pequenos negócios reclamando da dificuldade de se financiar no sistema bancário durante a pandemia do novo coronavírus, o Banco Central (BC) ampliou as suas projeções para o mercado de crédito brasileiro neste ano. A expectativa da autoridade monetária é que o estoque de crédito do país cresça 7,6% em 2020, puxado por uma alta de 10% nos empréstimos para as empresas.

 

As projeções do BC para o mercado de crédito constam no Relatório de Inflação (RI), que foi divulgado nesta quinta-feira (25/6). "Em comparação ao Relatório anterior, houve uma reavaliação na projeção de crescimento do estoque total de crédito em 2020, que foi elevada de 4,8% para 7,6%, com redução na estimativa para a variação no saldo dos créditos destinados a pessoas físicas, de 7,8% para 5,8%, e aumento expressivo na variação no saldo dos empréstimos às pessoas jurídicas, de 0,6% para 10,0%", informa o documento.

 

O BC explica que a "projeção atual considera as diversas ações implementadas pelo SFN para mitigar os efeitos econômicos da pandemia, principalmente no segmento de pessoas jurídicas, cujas carteiras devem ter papel predominante para explicar o crescimento do crédito neste ano". Afinal, os bancos, o governo e o próprio Banco Central têm anunciado diversas medidas emergenciais de crédito para tentar fazer frente à necessidade de financiamento das empresas que foram atingidas pela crise do novo coronavírus.

 

A autoridade monetária implementou um pacote que promete injetar R$ 1,2 trilhão de liquidez no sistema financeiro nacional logo no início da pandemia. E, nesta semana, lançou novas medidas que prometem direcionar mais R$ 272 bilhões de capital para o crédito das pequenas e médias empresas. Nesta quinta-feira, o BC voltou a reconhecer que a maior parte daquela primeira rodada de liquidez acabou ficando com as grandes empresas e não atendeu todos os pequenos negócios que precisaram  recorrer ao crédito bancário para sobreviver à pandemia.

 

Segundo o Relatório de Inflação, houve "forte elevação do volume de novas operações" de crédito para empresas no início da pandemia, com um crescimento recorde de 59,6% nos financiamentos com recursos livres. Porém, a "alta das concessões refletiu, inicialmente, o comportamento das médias e grandes empresas". 

 

A autoridade monetária, por sua vez, já observou um crescimento nas concessões para micro e pequenas empresas a partir de meados de abril e espera que essas operações se intensifiquem a partir de agora. E garante que "até o momento, não houve aumento relevante do spread". Ou seja, dos juros cobrados nesses empréstimos.

 

Famílias

Para as famílias brasileiras, contudo, o cenário é outro. Segundo o Banco Central, a crise causada pelo novo coronavírus reduziu o volume de novos empréstimos tomados pelas famílias brasileiras. Por isso, a autoridade monetária diminuiu a sua projeção de crescimento do mercado de crédito das pessoas físicas de 7,8% para 5,8% em 2020.

 

"Os empréstimos para pessoas físicas financiados com recursos livres devem apresentar desaceleração, influenciados em parte pela postergação de gastos não essenciais, neste contexto de crise, e pelo adiamento de decisões de consumo", explicou o Relatório de Inflação. Segundo o BC, já foram inclusive observadas reduções significativas nas concessões via cartão de crédito (-9,9%) e no financiamento de veículos (-42,8%) entre março e maio deste ano.

 

Saiba Mais

As famílias têm procurado os bancos, portanto, principalmente para refinanciar as dívidas já existentes e, assim, tentar fazer com que elas caibam no novo contexto econômico criado pelo coronavírus. Por isso, apesar da desaceleração das novas concessões, o BC observou uma explosão de 164,6% nas operações de renegociações de dívidas, que permitem, entre outras coisas, suspender temporariamente o pagamento das prestações.

 

2020 x 2019

O Banco Central acredita, que ao conjugar o crescimento do crédito para as pessoas jurídicas com a desaceleração dos financiamentos das pessoas físicas, ainda será possível manter uma expansão do estoque de crédito superior à ocorrida em 2019. É que, no ano passado, esse mercado cresceu 6,5% e não os 7,6% projetados para 2020. Esse cenário, contudo, ainda é inferior ao que era projetado pelo BC antes da pandemia do novo coronavírus: expansão de 8,1%.