Economia

Redução no preço do gás puxa investimentos de até US$ 31 bi

A indústria aposta na redução no preço do gás natural para garantir tração à retomada do setor. Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta que uma redução de 50% no valor do insumo permitirá atingir investimentos anuais de US$ 31 bilhões em 2030. O levantamento também apurou que a demanda poderá triplicar, se o valor do combustível cair dos atuais US$ 14 por milhão de BTUs (MMBtu) para US$ 7 MMBtu.

A proposta de abertura do mercado do gás será essencial, sobretudo, para os segmentos industriais energo-intensivos, como as indústrias químicas, de cerâmica, de vidros, de alumínio e as siderúrgicas. De acordo com Juliana Falcão, especialista em energia da CNI, esses setores perderam participação na balança comercial desde que o preço do insumo disparou. “Hoje, são deficitárias e poderão voltar a ter superavit se o preço do gás se tornar competitivo”, explicou.

Segundo ela, o estudo avaliou o potencial impacto econômico e energético da redução, à metade, do preço do gás para esses segmentos, que consomem 80% de toda demanda da indústria. “O levantamento foi feito antes da pandemia, por isso são dados do ano passado. Mas as premissas se mantêm, porque é um estudo de longo prazo”, ressaltou.

Juliana explicou que a alta do preço do gás foi fator preponderante para a perda de competitividade da indústria brasileira. “O estudo mostra que haverá demanda, com potencial de investimento de R$ 150 bilhões (valor convertido) em 2030. Além disso, o gás mais barato pode substituir insumos mais sujos, como carvão e óleo (diesel), e ajudar no controle das emissões de gases de efeito estufa, pois é a principal fonte energética para a economia de baixo carbono”, assinalou.

A especialista destacou que o gás também é usado como matéria-prima. “Na fabricação de fertilizante, o gás natural pode representar custo de até 80%. O Brasil produzia muito mais antes da alta do preço. Agora, importa 70%, por conta do custo proibitivo da matéria-prima”, explicou.

Mas, para que todo o cenário traçado pela CNI se torne realidade, é preciso que o Congresso vote o substitutivo do PL 6.407, de 2013, que trata do novo marco legal do gás. “O atual governo veio com um novo programa, mas a base dele já vem sendo discutida desde 2016, quando a Petrobras começou a sinalizar que venderia ativos, com a quebra do monopólio”, afirmou. O texto do substitutivo foi aprovado na Comissão de Minas e Energia no ano passado.

Oportunidade
Com as reservas de gás natural do pré-sal, o Brasil está diante de uma grande oportunidade. “Precisamos voltar a discutir este texto, que já tem pedido de urgência para ser votado em plenário, basta o presidente da Câmara (Rodrigo Maia) colocar em pauta. Como o Congresso está votando o marco do saneamento, que também pode alavancar investimentos importantes, acreditamos que o marco do gás poderá contribuir para a retomada da economia”, salientou.

Segundo Juliana, a pandemia mostrou a necessidade de o país apostar numa reindustrialização para não fugir da dependência de outros mercados. “Os números mostram que, se o preço cair em 50%, teremos superavit na balança comercial em 2030”, reiterou. (SK)