As contas externas brasileiras registraram um superavit de US$ 1,3 bilhão em maio deste ano. O resultado foi divulgado nesta quarta-feira (24/06) pelo Banco Central e reflete a desaceleração da economia mundial, provocada pela pandemia do novo coronavírus.
Segundo o Banco Central, este é o terceiro mês consecutivo que o Brasil registra resultados positivos no saldo das transações correntes. Afinal, com a pandemia do novo coronavírus, caiu o movimento das três contas que influenciam nesse resultado: a balança comercial; o saldo de serviços; e o fluxo de rendas e investimentos realizado entre o Brasil e resto do mundo.
"Em maio de 2020, as transações correntes apresentaram superavit pelo terceiro mês consecutivo, US$1,3 bilhão. Na comparação com o déficit de US$1,4 bilhão ocorrido em maio de 2019, contribuíram, principalmente, as reduções no déficit em renda primária, US$2,1 bilhões, e em serviços, US$1,5 bilhão, em oposição à redução de US$812 milhões do superavit comercial", informou o BC.
Na balança comercial, o BC registrou uma redução de 12,7% do saldo de exportações (US$ 17,9 bilhões em maio de 2020, contra US$ 20,6 bilhões em maio de 2019) e um recuo de 11,6% nas importações (US$ 13,8 bilhões, ante US$ 15,6 bilhões). O recuo das importações foi observado mesmo após a realização de uma operação de US$ 2,7 bilhões no âmbito do Repetro, que não impactou a balança comercial em maio do ano passado. " Desconsideradas as importações no âmbito do Repetro, o recuo teria atingido 29,1%, na comparação interanual para o mês de maio", revelou o BC.
Na conta de serviços, foi constatada uma redução de 86% dos gastos dos brasileiros com viagens ao exterior, além de um recuo de US$ 302 milhões nas despesas líquidas com aluguel de equipamentos e de US$ 280 milhões nas despesas líquidas de transportes. Por isso, o déficit dessa conta chegou praticamente à metade do valor observado no mesmo mês do ano anterior: R$ 1,7 bilhão em maio de 2020, contra R$ 3,3 bilhões de maio de 2019.
Já na conta de rendas, foi observada uma melhora nos ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) entre abril e maio deste ano. O IDP, que havia registrado apenas US$ 234 milhões em abril deste ano, no auge da pandemia do novo coronavírus, voltou para a casa dos bilhões em maio. Porém, ainda assim houve um recuo significativo entre maio de 2020 e maio de 2019.
"Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 2,6 bilhões no mês, ante US$ 8,3 bilhões em maio de 2019. O fluxo foi composto por ingressos líquidos de US$2,2 bilhões em participação no capital e de US$354 milhões em operações intercompanhia. O resultado em participação no capital foi influenciado por lucros reinvestidos negativos (desinvestimentos) de US$352 milhões", informou o BC.
Por conta disso, o IDP totalizou US$ 67,5 bilhões, ou seja, 4,04% do PIB, nos cinco primeiros meses deste ano, contra os US$ 73,2 bilhões (4,27% do PIB) observados no mês anterior. E isso contribuiu com a redução do déficit da renda primário que recuou 62% em 12 meses, atingindo US$ 1,3 bilhão em maio deste ano.