O Banco Central (BC) vai permitir que os brasileiros usem o financiamento imobiliário como garantia para a obtenção de mais um empréstimo bancário. A ideia é que os consumidores refinanciem a parcela da casa própria que já foi paga aos bancos e, assim, obtenham mais crédito durante a crise da covid-19. Segundo o BC, a medida pode liberar até R$ 60 bilhões de crédito.
“Quem tem um imóvel e já pagou parte dele vai conseguir pegar parte do que já foi pago de volta”, anunciou o presidente do BC, Roberto Campos Neto. Ele explicou que, se o consumidor tiver financiado um imóvel de R$ 500 mil no banco e já tiver pago R$ 400 mil desse financiamento, poderá refinanciar esses R$ 400 mil para usar da maneira como quiser. A nova operação de crédito deve ter as mesmas taxas do financiamento imobiliário original.
A título de comparação, o presidente do BC lembrou que um empréstimo pessoal tem, atualmente, taxas médias de até 250% ao ano. Já os financiamentos imobiliários costumam ter juros muito menores, normalmente de 9% a 9,5% ao ano (Além da Taxa Referencial, que hoje está zerada). Por isso, refinanciar a casa própria vai sair mais barato do que fazer um novo empréstimo.
“Você vai ter a oportunidade de ir ao banco e dizer que, dos R$ 400 mil que já pagou, quer pegar R$ 200 mil de volta, como se estivesse repactuando o contrato. E nossa regra faz com que a taxa tenha que ser a mesma. Vale a mesma garantia e a mesma taxa. Então, a diferença é entre pegar um empréstimo de 250% ou de 9% ao ano”, afirmou Campos Neto. “E a agilidade também será muito maior, porque a garantia já está constituída, a avaliação de risco e do imóvel já está realizada”, acrescentou o diretor de Regulação do BC, Otavio Damaso.
“Entendemos que, em um momento extraordinário como esse, a medida vai favorecer muito as pessoas que estão endividadas ou com algum problema temporário, talvez decorrente da covid-19”, concluiu Campos Neto, lembrando que muitos brasileiros tiveram o salário reduzido ou perderam o emprego e, por isso, precisaram recorrer ao crédito para conseguir pagar as contas.
Riscos
A nova operação, no entanto, não é isenta de riscos. O BC alertou que, “em caso de inadimplemento de uma das operações garantidas, as demais vencem antecipadamente”. Além disso, a novidade ainda não está disponível nos bancos, pois ainda precisa ser regulamentada pelo governo. Segundo Campos Neto, a regulamentação será feita por meio de uma medida provisória que deve ser publicada nos próximos dias. (MB)