Correio Braziliense
postado em 19/06/2020 06:00
A crise causada pelo novo coronavírus provocou uma queda de quase 30% no registro de novas empresas em abril — mês que, segundo os economistas, será o pior do ano para a economia brasileira. E a pandemia ainda deve elevar o número de falências nos próximos meses, reduzindo o número de pessoas jurídicas no país, de acordo com especialistas.
Lançado, ontem, pelo Ministério da Economia, o Mapa das Empresas mostra que 189.878 novas companhias foram abertas no Brasil em abril, número é 29,5% menor do que o observado no mesmo período de 2019 (269.284). Antes de ser atingido pela pandemia da covid-19, o Brasil registrou a abertura de 309.343 novas empresas em janeiro, 262.989 em fevereiro e 274.820 em março.
O impacto, porém, não se repete no número de fechamentos. Segundo o Mapa, o número de empresas fechadas no país até caiu após o início da pandemia de covid-19. Foram 111.019 em janeiro, 93.908 em fevereiro, 87.631 em março e 58.623 em abril. O dado de abril também é menor do que o do mesmo mês do ano passado, quando 99.468 negócios fecharam as portas.
O secretário especial adjunto de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Gleisson Rubin, disse que “uma das possíveis razões seria a menor circulação de pessoas e, consequentemente, de deslocamento de empreendedores até as juntas comerciais para realizar o procedimento de encerramento de empresas”.
Ele observou, porém, que boa parte dos procedimentos de abertura e fechamento de pessoas juríicas pode ser feito de forma remota. Ele lembrou, também, que o governo lançou programas de socorro às empresas que foram afetadas pela pandemia do novo coronavírus. “Pode ter o efeito da postergar a decisão do empresário de fechar o seu empreendimento, em face das medidas que tentam mitigar os efeitos da pandemia”, pontuou.
Especialistas dizem, contudo, que essas medidas, apesar de positivas, não serão suficientes para compensar a magnitude da crise causada pela coronavírus. Por isso, é de se esperar um aumento do número de fechamento de empresas nos próximos meses.
“Os empresários tentam manter, ao máximo, seus negócios. Por isso, estão usando o caixa que tinham e estão fazendo uso dessas medidas para tentar sobreviver. Mas, uma hora isso vai acabar. E a recuperação econômica não deve ser tão rápida. Por isso, o número de fechamentos deve crescer”, afirmou o presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis de São Paulo (Sescon-SP), Reynaldo Lima Jr.
Outro aspecto é a burocracia. “O fechamento na junta comercial é rápido, mas todo o processo de fechar o negócio pode levar de 30 a 40 dias. O empresário precisa fazer um distrato, devolver o imóvel, fechar as contas, pagar seus funcionários. Só depois disso, vai encerrar o CNPJ”, explicou Lima Jr.
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