Economia

Índice Bovespa reverte queda de abertura e volta a subir

Mercado de ações brasileiro demonstra otimismo com sinalização do BC de que poderá haver novos cortes na Selic e sobe na contramão das bolsas internacionais

Após abrir em queda e ficar abaixo de 95 mil pontos, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) inverteu o sinal, na contramão das bolsas internacionais e voltou a subir nesta quinta-feira (18/06), retornando para o patamar de 96 mil pontos. 

Pouco antes das 13h, o Índice Bovespa, principal indicador da B3, registrava alta de 1,07%, situando-se em 96.567 pontos. 

Para Marcelo Zambello, analista de pesquisa da Necton Investimentos, o mercado preferiu demonstrar otimismo com a sinalização do Banco Central de que haverá mais cortes na taxa básica de juros (Selic) e ignorar as notícias ruins para o governo, como a prisão do amigo do presidente Jair Bolsonaro, o ex-militar Fabrício Queiroz, alvo de investigação policial de um esquema de “rachadinha” no gabinete de um dos filhos do chefe do Executivo, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). “O mercado espera, pelo menos, mais um corte residual de 0,25 ponto percentual ou de 0,50 ponto percentual na Selic. Isso é um fator positivo e quando olhamos para as bolsas externas, a B3 ainda está desvalorizada em 19% em comparação ao patamar que estava no início do ano e isso pode ser uma oportunidade”, afirmou Zambello

Ontem, o Banco Central reduziu a Selic em 0,75 ponto percentual, para 2,25% ao ano. Na avaliação do economista-chefe do BNP Paribas, Gustavo Arruda, o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom|) abriu espaço para mais cortes nas próximas reuniões do colegiado. Para ele, o BC poderá reduzir a Selic em mais duas reuniões. “Embora nosso modelo de inflação indique espaço para novos cortes, esperávamos que o Copom repetisse suas preocupações com o limite inferior efetivo. No geral, agora esperamos um corte de 0,50 ponto, em agosto, e um corte final de 0,25, em setembro”, informou.

Com a redução da Selic para 2,25% ao ano, o Brasil, pelas estimativas de Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management, considerando a projeção de inflação futura do BC de 3,25% para os próximos 12 meses, o país passa a ter, pela primeira vez na história, juro real negativo, de 0,78% ao ano.

Com juros cada vez mais baixos, a aposta dos operadores é que o investidor brasileiro também continue apostando na Bolsa em busca de maiores retornos. Ações de exportadoras e de empresas que lideram seus segmentos e que podem se consolidar em um mercado cada vez menos competitivo devido à retração na economia neste ano são as melhores opções para quem busca retorno daqui para frente. 


Migração


Saiba Mais

Zambelo, da Necton ainda destacou que o mercado também está fazendo uma antecipação de um movimento de migração de liquidez, em uma aposta de que o capital estrangeiro poderá sair dos países desenvolvidos e buscar os emergentes uma vez que há queda generalizada nas bolsas internacionais.  “O movimento de reprecificação está ocorrendo, porque os investidores estão ficando com um pé atrás com as desvalorizações das bolsas dos países desenvolvidos. A aposta agora é na migração do fluxo para os emergentes, inclusive, para o Brasil”, afirmou. 

Contudo, conforme os dados do Banco Central de ontem, junho voltou a registrar uma saída de capital estrangeiro do país. No acumulado do ano até 12 de junho, o fluxo cambial ficou negativo em US$ 10,2 bilhões.