Economia

Abertura de empresas cai cerca de 30% em abril

Dado foi apresentado pelo Ministério da Economia e mostra o impacto da pandemia do novo coronavírus na atividade empreendedora

O ritmo de abertura de novas empresas sofreu um baque de aproximadamente 30% no Brasil em abril deste ano - mês que representa o aprofundamento da crise do novo coronavírus no país. O dado consta no Mapa de Empresas do país, que foi divulgado nesta quinta-feira (18/06) pelo Ministério da Economia.

Segundo o documento, 189.878 novas empresas foram abertas no Brasil em abril deste ano. O número é bem menor que o observado em abril de 2019, quando 269.284 novos negócios foram registrados no país. E também é inferior aos registros dos primeiros meses deste ano: antes de ser atingido pela pandemia da covid-19, o Brasil registrou a abertura de 309.343 novas empresas em janeiro, 262.989 em fevereiro e 274.820 em março.

Comparando abril com março deste ano, houve, portanto, uma redução de 30,9% no ritmo de abertura de novas empresas. Já na comparação entre abril de 2020 com abril de 2019, o baque foi de 29,5%.

"Os dados de abertura de empresas de janeiro a março de 2020 apresentam um constante crescimento nos registros. Porém, o dado de abril ilustra uma acentuada queda na abertura de empresas (29,5% quando comparado com abril/2019), possivelmente devido ao impacto da pandemia do covid-19 sobre a economia do país", diz o Mapa de Empresas. 
 
 

Fechamento de empresas


Por outro lado, o fluxo de fechamento de empresas não se elevou, como era de se esperar em um momento de crise. Ao contrário, até caiu. Segundo o Mapa de Empresas do Ministério da Economia, 58.623 empresas foram fechadas no país em abril deste ano.

O número é o menor para o mês de abril dos últimos cinco anos. No mesmo mês do ano passado, por exemplo, 99.468 negócios fecharam no país. Em 2018, foram 85.719; em 2017, 71.689; e em 2016, 69.134. E também é inferior aos dos três primeiros meses deste ano: foram 111.019 fechamentos em janeiro, 93.908 em fevereiro e 87.631 em março de 2020.

"Em relação às empresas fechadas, tivemos um patamar semelhante nos três primeiros meses do ano e uma queda em abril, o que mostra que os impactos da pandemia, a partir de março, são percebidos na abertura de novos negócios, mas não influenciaram ainda o número de empresas formalmente fechadas no país", comentou o secretário de Governo Digital, Luis Felipe Monteiro.

O Ministério da Economia foi questionado se essa redução pode estar associado ao isolamento social, já que a maior parte dos estabelecimentos públicos e privados estavam fechados em abril devido à pandemia do novo coronavírus. Porém, afirmou que ainda é cedo para medir esse impacto sobre a decisão do empresário de fechar o seu negócio.

Secretário especial adjunto de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Gleisson Rubin admitiu que "uma das possíveis razões seria a menor circulação de pessoas e consequentemente o menor fluxo de deslocamento dos empreendedores até as juntas comerciais para realizar o procedimento de encerramento de empresas". Porém, alegou que o governo tentou contornar esse problema.

Segundo Rubin, "as juntas comerciais estruturaram procedimentos de atendimento" para esse momento de pandemia e "boa parte dos procedimentos hoje já pode ser executado de forma remota para as pessoas que desejam realizar procedimentos de abertura ou fechamento de empresas". 

Além disso, destacou o secretário, o governo lançou programas de socorro às empresas que foram afetadas pela pandemia do novo coronavírus. Como exemplo dessa ajuda, Rubin chegou a citar o Pronampe - programa que promete destravar o crédito para os pequenos negócios, mas que só começou a operar de fato neste mês de junho.

"Pode ter o efeito da postergação de decisão do empresário de fechar o seu empreendimento, em fase das medidas de socorro lançadas pelo governo que tentaram mitigar os efeitos da pandemia. Por ora, ainda é prematuro tentar segmentar essas duas hipóteses e quanto cada uma delas pode ter contribuído para essa redução", concluiu o secretário. "O encerramento formal é a última etapa do ciclo de vida do empreendedor. Ele vai adotar uma série de medidas econômicas até que tenha capacidade de aquecer o seu negócio. Caso isso não seja possível, só assim, recorre ao fechamento formal do negócio", reforçou Monteiro.

Os secretários disseram, então, que é preciso aguardar os próximos meses para avaliar se há uma tendência de fechamentos de empresas no pós-pandemia. 
 
 

Saldo positivo


O Ministério da Economia ainda ressaltou que, apesar de abril ter registrado queda na abertura de novas empresas, o país ainda fechou o primeiro quadrimestre deste ano com um saldo positivo da atividade empreendedora. Segundo a pasta, entre janeiro e abril deste ano, 1.038.030 empresas foram abertas no país e 351.181 foram fechadas. O saldo, portanto, é positivo em 686.849.

"Esse primeiro quadrimestre repercute os efeitos da pandemia na última metade do mês de março e em todo o mês de abril. Ainda assim, a despeito dos 40 dias de efeito da pandemia, esse saldo líquido de 686.849 empresas é o maior saldo da série histórica dos últimos 10 anos, o que mostra que o período pré-pandemia era um período que mostrava um forte aumento da atividade empreendedora", destacou Gleisson Rubin.

Esse resultado também é 1,2% maior que o observado no último quadrimestre de 2019 e levou o Brasil a um total de 18.466.444 empresas ativas.

O Mapa das Empresas ainda mostra que a maior parte das 18,4 milhões de empresas existentes no Brasil está na região Sudeste e no setor terciário. Segundo o documento, só o estado de São Paulo concentra 5,2 milhões empresas, Minas Gerais mais 2 milhões e o Rio de Janeiro, 1,7 milhão. Já o setor de serviços responde por 46% das empresas brasileiras e comércio por mais 35%.

Saiba Mais

Em relação ao tipo de empresa, a maior parte dos negócios brasileiros é comandada por Microempreendedores Individuais (MEIs). São 13 milhões de MEIs, além de 4,1 milhões de sociedades empresariais limitadas, 1 milhão de empresas individuais de responsabilidade limitada, 163 mil sociedades anônimas, 33 mil cooperativas e 55,9 mil outras empresas.