Economia

BNDES pode fazer mais se a crise piorar, diz Montezano

O presidente do banco lembrou que, apesar de haver recursos disponíveis, é preciso garantir lucro suficiente para pagar as contas e dar retorno aos investidores

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES), Gustavo Montezano, disse que é possível ampliar as medidas econômicas de enfrentamento à crise gerada pelo novo coronavírus, caso a pandemia dure mais tempo do que o esperado. Ele comentou o assunto nesta terça-feira (16/6), em audiência pública, por videoconferência, na comissão mista do Congresso que discute os efeitos da covid-19.

O BNDES tem dinheiro e capacidade operacional para conceder mais empréstimos, assegurou Montezano. "Temos recursos disponíveis para colocar mais no mercado ou na economia", disse. A dificuldade, segundo ele, é colocar as medidas em prática com a rapidez exigida em situação de emergência. "Em termos operacionais, o banco tem capacidade de fazer mais coisa. O nosso grande desafio é o tempo de execução", explicou.

O presidente do banco lembrou que, apesar de haver recursos disponíveis, é preciso garantir lucro suficiente para pagar as contas e dar retorno aos investidores. Ele ressaltou que é essencial dar segurança a quem vai fazer investimentos em infraestrutura após a pandemia. "É importante que o banco tenha recurso e capacidade financeira para emprestar em reais a longo prazo", afirmou.

Montezano afirmou que a pandemia evidenciou problemas já existentes, como a dificuldade de acesso a crédito por quem mais precisa. "A questão de acesso ao crédito para micro, pequena e média empresa no Brasil não é algo oriundo da crise. A crise só externalizou. Saltou aos nossos olhos como a gente precisa trabalhar mais e ter mais medidas e ações estruturantes que viabilizem o crédito para esse segmento empresarial, que gera tanto emprego", disse. 

Segundo o presidente do BNDES, as medidas de enfrentamento são focadas em micro, pequenas e médias empresas porque as maiores têm mais facilidade para conseguir crédito e estão "conseguindo se arrumar e pagar suas contas". Para os grandes empreendimentos, o banco adotou uma abordagem "setorial", disse. O que não significa que elas estão sendo ignoradas, ressaltou.

Saiba Mais

No balanço das ações tomadas nos últimos meses, Montezano destacou a atuação do banco para manter empregos. Até agora, pequenas e médias empresas contrataram R$ 3,3 bilhões dos R$ 8,5 bilhões disponíveis na linha de crédito criada para financiar ate%u0301 dois meses da folha de pagamento desses empreendimentos, para evitar demissões. Com isso, o governo acredita ter conseguido manter 1,4 milhão de postos de trabalho ocupados.