Startup de Santa Catarina, com atuação na área de tratamento para o câncer, doenças incuráveis, como Parkinson e Alzheimer, e com uma propriedade intelectual que vale mais de R$ 1 bilhão, a Aptah Bioscience passou a desenvolver testes rápidos para covid-19. Conforme Rafael M. Bottos, sócio da empresa, migrar da frente de terapias e diagnóstico para a testagem foi um processo natural. “Acessamos o Instituto de Pesquisa Tecnológico (IBP) e a Embrapii para uma parceria que vai baratear o custo dos testes. Para identificar o vírus, o teste, hoje, custa R$ 350, e há fila nos laboratórios que precisam rodar o exame em máquinas RT-PCR. Nossa ideia é tornar o processo mais simples e barato”, conta.
A ideia é que o Apath Teste Covid 19 custe R$ 50 e possa ser realizado em qualquer lugar, a exemplo do que ocorre com testes de gravidez. “Já testamos em 800 pessoas, estamos desenvolvendo a embalagem e devemos começar a comercializar em três ou quatro semanas”, assinala. Bottos destaca que a qualidade questionável dos testes chineses, com alto índice de falso positivo, levou a empresa a buscar um produto melhor, que garanta testagens semanais, para monitoramento das pessoas de forma regular e de longo prazo.
Com espera máxima de uma hora pelo resultado, seu maior diferencial será a capacidade de identificar a presença de material genético do novo coronavírus circulando no corpo do paciente, o que permite o diagnóstico em estágio inicial e evita a infecção de outras pessoas. “As empresas querem retomar o dia a dia e precisarão fazer avaliações regulares. Por isso, o preço não pode ser alto. Vamos ampliar nosso laboratório para aumentar a escala, mas também vamos buscar vários parceiros. Estamos licenciando a produção, com patente global, de forma que o produto seja perene e competitivo. A ideia é começar a comercializar no mercado mundial”, explica.
Os estudos da Apath não param nos testes rápidos. “Estamos desenvolvendo uma máquina para analisar a qualidade do ar, para identificar a presença do novo coronavírus, também, nas superfícies”, antecipa.
A Ventrix, empresa da área médica, com atuação na área cardiorrespiratória, sediada em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas Gerais, decidiu focar o desenvolvimento de peças e partes para ventiladores pulmonares, que não existiam na produção nacional para respiradores. “Conseguimos nacionalizar bastante peças. Temos conhecimento da área médica e estamos terminando o equipamento para ensaio clínico”, conta o CEO da Ventrix, Roberto Castro Junior.
O objetivo é entregar o primeiro lote de 200 peças na última semana de julho. A partir daí, aumentar a capacidade para produção de 100 equipamentos por dia. “O produto vai ficar em linha e vai entrar na cadeia de fabricação, porque estamos vendo um movimento mais nacionalista para esse tipo de equipamento, que é vital para o país”, destaca o executivo.
Exame remoto
A empresa surgiu em 2010 para suprir a necessidade de acesso do teste por pessoas que moram em regiões mais remotas, no caminho da telemedicina. “O equipamento faz exame remotamente e devolve o laudo em 12 minutos. Hoje, temos 12 funcionários, numa área de 800 metros quadrados. Como a produção dos novos equipamentos, na hora da produção massiva, em julho, vamos gerar 20 empregos”, diz.
O sistema de ventilação mecânica controlado por plataforma eletrônica foi desenvolvido em parceria com o Inatel, instituição de ensino e pesquisa de Santa Rita do Sapucaí. “O diferencial do projeto do Inatel é o sistema de pressurização digital que deixa o controle de gases mais preciso e sem a utilização de ambu, que é um balão usado em emergência, mas que não atende a todos os casos de insuficiência respiratória, de acordo com médicos especialistas”, explica o professor e coordenador da equipe voluntária que desenvolveu o protótipo, Filipe Bueno.
A parceria firmada entre o Inatel e a Ventrix obteve financiamento da Embrapii. “A Ventrix nasceu com foco na inovação de produtos e sistemas para saúde humana. Dentro desta visão, a parceria com o Inatel muito nos honrou, possibilitando a chance de trabalharmos juntos para que a sociedade possa enfrentar com mais segurança este momento que atravessamos, contando com uma tecnologia desenvolvida em nosso país”, afirma Castro Júnior. (SK)