Correio Braziliense
postado em 14/06/2020 09:27
A frota brasileira de veículos vem ficando mais velha há seis anos consecutivos. Com o tombo das vendas de modelos novos previsto para este ano - de cerca de 40%, segundo previsão dos fabricantes -, a idade média dos automóveis em circulação no País deve superar dez anos.Hoje essa média é de 9 anos e 10 meses, um ano e 4 meses a mais do que em 2012, quando o mercado registrou venda recorde de 3,8 milhões de veículos novos.
A idade média dos caminhões é ainda maior, de 11 anos e 7 meses, segundo o mais recente estudo do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) com base em dados de 2019.
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"A renovação da frota está ligada à proporção de veículos novos que entram no mercado", diz Elias Mufarej, diretor do Sindipeças e responsável pela pesquisa. Se a venda de zero quilômetro cai, a idade média aumenta.
O setor ainda não conseguiu repor a queda de vendas de carros novos registrada de 2013 a 2016, de quase 50%, mesmo com a melhora apresentada nos últimos três anos.
Com a retração de 40% esperada para este ano, a idade média dos automóveis vai passar de uma década, "o que é muito ruim pois quanto mais velhos, mais poluentes e mais perigosos os veículos se tornam", diz Mufarej.
Ele pondera, contudo, que os automóveis atuais tem mais qualidade, tecnologia e segurança e podem durar mais - o que significa que o consumidor também pode demorar mais a fazer a troca por outro mais novo, colaborando assim com o aumento da idade média.
O presidente da Bright Consulting, Paulo Cardamone, reforça que veículos mais antigos aumentam o número de acidentes e de mortes, assim como o de congestionamentos por quebra nas ruas e estradas. Consequentemente, os gastos do governo nas áreas de saúde e infraestrutura são maiores.
Ele cita também que a permanência de uma frota mais antiga retarda a evolução tecnológica dos veículos.
Outra dado, ressalta Cardamone, é a maior emissão de poluentes nocivos à saúde como NOX e particulados. "Veículos com mais de cinco anos podem emitir até 2,5 mais CO2 que os atuais", exemplifica. Em todo o País há cerca de 33 milhões de veículos acima dessa faixa, ou 72% da frota atual.
Sexta maior
Na soma de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, a frota brasileira hoje é de 45,9 milhões de veículos, a sexta maior do mundo. Segundo o diretor do Sindipeças, está atrás de Estados Unidos (264 milhões), China (172 milhões), Japão (77 milhões), Rússia (51 milhões) e Alemanha (48 milhões). Já a frota de motocicletas é composta de 13 milhões de unidades com idade média de oito anos.
Com essa posição no ranking global, Mufarej afirma que o Brasil é um mercado atraente para o chamado after marketing (mercado de reposição de peças) e coloca o País na rota de investimentos no setor, inclusive internacionais. "Essa frota demanda muitas peças, produção local, trabalho e gera mão de obra", diz.
Como exemplo, ele cita a quantidade de velas e de baterias que os veículos demandam anualmente.
Do total de veículos em circulação, 64,3% estão concentrados em São Paulo (que sozinho fica com 30% da frota), Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Há cinco anos esses Estados abrigavam 72,8% dos veículos em circulação no País.
A queda da participação está relacionada à expansão das vendas de veículos em outras regiões, especialmente aquelas em que a economia está a reboque do agronegócio, como Mato Grosso, Tocantins e cidades do interior de São Paulo.
Uma parte dessa mudança também pode ser explicada pela tendência de desmotorização que vinha ocorrendo nos últimos anos em grandes capitais. Muitas pessoas passaram a dar preferência ao uso de veículos de compartilhamento ou mesmo por meio de aplicativos ou mesmo a bicicletas e ao transporte público a ter o carro próprio.
Menos pessoas por carro
O estudo mostra ainda que o Brasil tem hoje 4,6 habitantes por veículo. Há dez anos eram 6,5 pessoas por veículo, ou seja, com o crescimento mais lento da frota essa proporção tende a ser menor.
Nos Estados Unidos a relação é de 1,2 habitante por veículo, enquanto na China é de 8,4, no Japão de 1,6, na Rússia de 2,8 e na Alemanha de 2,7. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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