Economia

Brasileiros descartam se endividar e estimam recuperação em um ano

Levantamento da Federação Brasileira de Bancos aponta que cerca de 84% das pessoas com conta bancária não vão contrair financiamento para aquisição de veículos ou imóveis

Pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), divulgada nesta sexta-feira (12/6), aponta que metade dos brasileiros com conta bancária acredita que conseguirá se recuperar financeiramente dos estragos causados pela pandemia do novo coronavírus em até um ano. O levantamento mostra que cerca de 84% das pessoas não vão fazer financiamento para aquisição de veículos, 83% descartam empréstimos para comprar imóveis e 82% não irão tomar crédito para construir ou reformar. 

Segundo o Observatório da Febraban, apenas 14% dos entrevistados pretendem aumentar o volume de compras. Outros 44% vão manter e 39%, diminuir. Sobre o otimismo quanto à economia do país, 24% esperam recuperação em até um ano e 43% estimam após dois anos. No atendimento bancário, 46% priorizam o digital e 14%, o presencial. 
 
 

Consumo


As tendências de consumo apuradas mostram que 78% manterão ou vão aumentar a frequência em supermercados e 55% manterão ou vão aumentar a frequência no comércio de rua. O percentual é de 47% para bares/restaurantes e shoppings. Praticamente o mesmo que pretende diminuir a frequência nesses dois tipos de estabelecimento.

Aumentar as compras pela internet, os serviços de delivery e o trabalho em home office é a intenção de cerca de 30% dos entrevistados, o que mostra que a preocupação com as medidas de isolamento e distanciamento social é de apenas um terço da população. Segundo o levantamento, 45% afirmam que vão dedicar mais tempo à família e aos filhos, 30% pretendem aumentar compras feitas no comércio eletrônico, 28% planejam usar mais os serviços de entrega e 27% querem trabalhar mais em casa. Por outro lado, 37% pretendem diminuir viagens, pelo medo de contaminação.

“O Observatório pretende se tornar uma relevante fonte de informações sobre as perspectivas da sociedade e o potencial impacto econômico-financeiro, ouvindo a população e estimulando o debate em diversos setores”, afirmou o presidente da Febraban, Isaac Sidney. A maioria dos números pode ser analisada sob um viés otimista, como “uma pista de que existe uma demanda reprimida, que pode ajudar em uma recuperação mais rápida da economia”, afirmou Sidney, em nota.
 
 

Finanças

 
Com relação às finanças, o levantamento mostra que 49% da população avalia que devem voltar ao normal em até um ano. A maioria deles, ou 28% dos entrevistados, estima que a recuperação ocorrerá em um período de seis meses a um ano. Uma parcela menor, de 21%, espera retomar em menos de seis meses a situação financeira que tinha antes da pandemia. 

Aqueles que preveem levar mais de um ano são 38% dos bancarizados, dos quais 17% só se veem recuperados depois de dois anos. Outros 8% disseram que a situação financeira não se alterou durante a covid-19 e 3% não souberam ou não quiseram responder.
 
 

Recortes


Os mais escolarizados tendem a se recuperar em tempo mais curto, de acordo com alguns recortes da pesquisa. Entre os entrevistados que têm ensino superior, 65% acreditam que vão se recuperar em até um ano. Para quem concluiu o ensino médio, a proporção cai para 49%. Já entre os que só foram até o ensino fundamental, a taxa é de 42%.

Os brasileiros que mais projetam se recuperar em até um ano são os que estão na faixa de dois a cinco salários mínimos (56%), seguidos por 50% com renda superior a cinco salários mínimos e 46% com rendimentos até dois salários mínimos. 

Saiba Mais

Os mais jovens, de 18 a 24 anos, são os que esperam retomar a situação financeira mais rapidamente. Para 64% deles, a recuperação se dará em até um ano. A proporção vai caindo à medida que sobe a faixa etária: de 25 a 44 anos, 52%; de 45 a 49 anos, 48%; com 60 anos ou mais, 43%. Na divisão por gênero, 54% dos homens estimam se recuperar em até um ano, enquanto a taxa é de 46% entre mulheres.
 
 

Amostragem


Segundo a Febraban, o levantamento foi realizado de 1º a 3 de junho, com 1 mil entrevistados de 18 anos ou mais em todas as regiões do país. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95,5%. “Os dados divulgados nesta sexta-feira fazem da primeira edição do Observatório Febraban, uma pesquisa que será realizada mensalmente, com a intenção de acompanhar a visão dos brasileiros sobre temas variados, em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe).”