A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) atualizou, ontem, as perspectivas econômicas para a economia global, prevendo uma recessão mundial de 6% para 2020 caso a pandemia da covid-19 permaneça sob controle, e de 7,6%, se houver uma segunda onda de propagação do novo coronavírus. O Brasil, segundo a OCDE, deve encolher 7,4% neste ano, mas, se houver reincidência da doença, o país pode amargar um tombo de até 9,1%.
Para 2021, a OCDE antecipa uma forte recuperação, com um crescimento de 5,2%, que se verá limitado a 2,8% se houver uma segunda onda da pandemia. Em relação ao Brasil, a previsão é de crescimento de 4,2% no próximo ano, mas de apenas 2,4% se a crise sanitária recrudescer.
“A escolha entre saúde e economia é um falso dilema. Se a pandemia não for controlada, não haverá recuperação econômica robusta”, advertiu por videoconferência o secretário-geral da OCDE, o mexicano Ángel Gurría. No início de março, quando o coronavírus já havia atingido a China, mas ainda não afetava outras grandes economias do planeta, a OCDE apostava em um crescimento mundial de 2,4% neste ano.
Consequências
Caso aconteça ou não uma segunda onda do novo coronavírus, “ao final de 2021 a perda de receita vai superar a de todas as recessões anteriores dos últimos 100 anos, exceto em período da guerra, com consequências terríveis e duradouras para as populações, empresas e governos”, afirma a economista-chefe da OCDE, Laurence Boone. A zona do euro será particularmente afetada com um retrocesso de 9,1% no cenário mais favorável, e de 11,5% na hipótese de segunda onda em 2020.
Na América Latina, a Argentina terá retrocesso de 8,3% ou 10,1%. A economia do México deve recuar 7,5% ou 8,6%. “O importante é que seja alcançado um consenso de que a resposta política a essa pandemia é uma medida temporária”, disse Jens Arnold, economista da OCDE para Argentina e Brasil, respondendo se a instabilidade política no Brasil poderia afetar a recuperação.
* Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo