Economia

Bolsa acentua queda, que chega a 2,13%; dólar sobe e vai a R$ 4,93

Para especialista, movimento de acomodação no mercado é natural após a rápida alta dos últimos dias e bolsa pode passar dos 110 mil pontos este ano

Após vários dias de alta, a Bolsa de Valores brasileira (B3) experimentou dois pregões de queda, que foi acentuada no pregão desta quarta-feira (10/06). O índice Ibovespa, principal da bolsa paulista, fechou com recuo de 2,13% aos 94.685 pontos. Segundo especialistas, o movimento é natural, tendo em vista o rápido movimento de alta recente. Já o dólar comercial, que caiu fortemente nas últimas semanas, voltou a subir e hoje fechou vendido a R$ 4,93.

O dia no mercado financeiro começou com apreensão sobre a decisão do Federal Reserve (o banco Central dos Estados Unidos) sobre modificações taxa de juros do país – que atualmente encontra-se entre 0% e 0,25%. A taxa foi mantida e o Fed indicou que devem permanecer assim até 2022. Para Ivo Chermont, economista-chefe da Quantitas, os Estados Unidos deixaram claro que farão tudo o que estiver a seu alcance para manter a economia equilibrada. 

"BC americano foi muito claro, primeiro ele vai aplicar tudo o que estiver ao seu alcance para segurar a economia. A política econômica está bem estabilizada, no sentido de que não é preciso fazer nada agora. Mas pode ser que novas ações sejam feitas em breve, eventualmente, aplicando mais estímulo ao mercado", explica.

Outro fator, no entanto, causou queda nas bolsas pelo mundo: a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) anunciou que prevê que a economia mundial sofrerá contração de 6% em 2020 caso sejam descartadas as chances de uma segunda onda de contágio de covid-19. A recuperação deve vir em 2021, com um crescimento de 5,2%, uma vez que o surto de seja controlado. Caso ocorra uma segunda onda, a retração econômica pode passar a 7,6%, com crescimento de apenas 2,8% no próximo ano.

Apesar do cenário atual cheio de incertezas, as bolsas do mundo tiveram grandes altas nos últimos dias, em especial nos países emergentes. Isso, segundo Chermont, faz com que a queda experimentada pela bolsa ontem e hoje seja vista com normalidade. "Exatamente pelos dias de alta, é natural que tenha uma acomodação no mercado. No exterior, isso ocorreu. A alta foi bem acelerada, então acho comum que a gente tenha dias como o de hoje. Essa acomodação pode acontecer novamente nos próximos dias", diz o economista.

Ainda no dia de ontem, o Bank of America atualizou suas previsões sobre a bolsa brasileira em 2020 de 76 para 100 mil pontos, uma vez que investidores estão mais propensos a assumir riscos. Para Ivo Chermont, a estimativa faz sentido. "A gente consegue até vislumbrar a bolsa voltando a 110, 120 mil pontos no fim do ano. Temos visto indícios de que há um cenário de possível recuperação mais rápido do que imaginava, uma vez queda econômica foi menor do que se imaginava", afirma.

O economista acredita, ainda, que a queda do dólar tem semelhanças com o movimento normal de acomodação visto na bolsa. Segundo ele, isso foi causado pela variação rápida no câmbio. "Em um curto espaço de tempo, tivemos mudança na valorização do dólar. Só  neste início de mês, foi 6% de variação de moeda. Teve um movimento técnico e agora está há uma certa acomodação e moeda volta a subir um pouco", completou.

*Estagiário sob a supervisão de