Cada passageiro de avião hoje representa US$ 27,83 de prejuízo para as companhias aéreas na América Latina. Em dezembro de 2019, o lucro era de US$ 0,40 por pessoa, segundo Dany Oliveira, presidente no Brasil da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês). “Em 75 anos de Iata, nunca houve uma crise tão severa quanto a que estamos vendo agora”, disse.
Segundo Oliveira, em média, o transporte aéreo dobra de movimentação a cada 15 anos mundialmente, em algumas regiões de forma mais acelerada do que outros. “Também se espera uma crise global de 10 em 10 anos. Como a última tinha sido em 2008, se esperava uma recessão com esfriamento da economia mundial. Mas a pandemia agravou o cenário”, afirmou.
O executivo estimou que a ajuda às aéreas brasileiras está por sair. “As empresas estão se alinhando ao financiamento que o governo tem desenhado com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Já está na etapa de conclusão. A gente espera que ocorra o mais rapidamente para dar injeção de capital de giro no setor”, afirmou.
O CEO da Iata no Brasil lembrou que vários serviços correm o risco de parar por conta da redução drástica de voos. “Existe uma organização mundial de meteorologia que está apontando grandes dificuldades na calibragem dos seus modelos para fazer previsão, sobretudo na região Norte do Brasil e no Caribe, que é temporada dos furacões, porque se utilizam de informações que as aeronaves vão coletando durante o voo”, destacou.
Início da recuperação
Segundo a Iata, o transporte aéreo global de passageiros começa a apresentar recuperação, mas deverá fechar 2020 com queda de 36% em relação ao ano passado. Para 2021, a estimativa da entidade é de que o tráfego aéreo global de passageiros deverá aumentar 55% em relação a este ano, o que representaria um número 29% inferior ao de 2019. “No ano que vem, a taxa média de ocupação dos voos deverá se manter abaixo de 75%”, de acordo com a Iata.
A associação projeta um prejuízo global para o setor de US$ 84,3 bilhões para este ano. Em 2021, a perda estimada é menor, de US$ 15,8 bilhões. No ano passado, o setor registrou lucro global de US$ 26 bilhões. Para a América Latina, o prejuízo deve ser de US$ 4 bilhões em 2020.