Economia

960 mil pessoas recorrem ao seguro-desemprego apenas em maio

Número é o maior da série histórica do governo e revela o impacto da pandemia do novo coronavírus no mercado de trabalho

A pandemia do novo coronavírus provocou um recorde no número de pedidos de seguro-desemprego no Brasil. É que mais de 960 mil pessoas solicitaram o benefício apenas em maio deste ano, segundo dados divulgados nesta terça-feira (09/06) pelo Ministério da Economia.

"Em maio deste ano, foram contabilizados 960.258 pedidos para o seguro-desemprego", informou a pasta, revelando que esse número representa um aumento de 53% nos pedidos de seguro-desemprego em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram registradas 627.779 solicitações.

O indicador também revela um aumento de 28,3% em relação a abril deste ano, quando a pandemia de covid-19 já havia feito a procura pelo seguro-desemprego disparar, chegando a 748.540 solicitações. E é o maior número de toda a série histórica do governo, que teve início em 2000. O recorde anterior havia sido registrado em meio à crise de 2014, quando 840.186 pessoas recorreram ao seguro-desemprego em um único mês (julho de 2014).
 
 

Acumulado


Ainda de acordo com o Ministério da Economia, a procura pelo seguro-desemprego cresceu 12,4% no Brasil neste ano. Ao todo, 3.297.396 brasileiros já recorreram ao benefício desde janeiro. No mesmo período do ano anterior, os pedidos de seguro-desemprego somaram 2.933.894.

E a maior parte desses pedidos ocorreram em meio à pandemia do novo coronavírus. Afinal, a necessidade de isolamento social, decorrente da covid-19, provocou o fechamento das principais atividades econômicas brasileiras. E essa situação fez muitas empresas quebrarem e demitirem seus funcionários.

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mais de 1,1 milhão de postos formais de trabalho já foram fechados no país desde o início da pandemia. Porém, o número de pedidos de seguro-desemprego registrados entre a segunda quinzena de março e o fim de maio é ainda maior: 1.944.125.

O período da quarentena concentrou, portanto, 58% de todos os pedidos de seguro-desemprego registrados no país neste ano. E o mês de maio, que corresponde ao segundo mês completo de isolamento social, responde sozinho por 29% de todas essas solicitações. 

A conjunção desses fatores (a alta do desemprego e a necessidade do isolamento social) chegou até a provocar um represamento nos pedidos de seguro-desemprego no início da pandemia, quando muitos dos novos desempregados brasileiros deixou de pedir o benefício porque as agências do trabalho estavam fechadas e porque esses trabalhadores não tinham conhecimento das plataformas que permitem pedir o benefício de forma digital. Mas, desta vez, o governo garantiu que não há mais fila de espera pelo benefício.

"Não foi mais verificado número atípico de beneficiários que ainda não tenham realizado a solicitação do seguro-desemprego. Cabe lembrar que o trabalhador tem até 120 dias para requerer o seguro-desemprego e os pedidos podem ser feitos de forma 100% digital. Não há espera para concessão de benefício", afirmou o Ministério da Economia, nesta terça-feira.

A pasta explicou que diversas unidades do Sistema Nacional de Emprego (Sine) voltaram a funcionar no fim de abril e afirmou que, além disso, os trabalhadores brasileiros aprenderam a pedir o benefício de forma digital. Segundo o Ministério da Economia, dos 960 mil pedidos de seguro-desemprego registrados em maio, 225.905 foram apresentados da forma tradicional, nas Agências do Trabalho; mas 734.353 - ou seja, 76% do total - já foram realizados através da internet. Hoje, é possível dar entrada no benefício sem sair de casa, através portal gov.br ou pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital.
 
 

Perfil


A grande parte dos brasileiros que entraram na fila do desemprego em maio trabalha nos setores econômicos e nos estados que mais foram afetados pela pandemia do novo coronavírus. Ou seja, eram funcionários dos setores de serviços (42%), comércio (25,8%), indústria (20,5%), que praticamente pararam de funcionar na quarentena por conta das medidas de distanciamento social que provocaram o fechamento do comércio. E trabalhavam nos estados de São Paulo (281.360), Minas Gerais (103.329) e Rio de Janeiro (82.584), que concentram a maior parte das atividades econômicas brasileiras e também foram atingidos mais duramente pela covid-19.

A maior parte desses trabalhadores também é do sexo masculino (58,7%), tem de 30 a 39 anos de idade (32,3%) e tem ensino médio completo (61,4%).