A bolsa de valores brasileira (B3) teve a sétima alta consecutiva e fechou esta segunda-feira (8/0) com variação positiva de 3,18%, atingindo 97.644 pontos. O Ibovespa não tinha tantas altas consecutivas desde 2018, quando manteve-se em alta por nove pregões consecutivos. No câmbio, o dólar comercial chegou ao menor patamar desde março, vendido a R$ 4,85. Na máxima do dia, chegou a R$ 4,97.
O otimismo na bolsa ainda é reflexo do relatório sobre empregos nos Estados Unidos, divulgado na semana passada. Esperava-se uma redução de 7,5 milhões de postos de trabalho. O resultado, porém, foi uma surpreendente geração de 2,5 milhões de empregos. As bolsas reagiram muito bem à notícia, que se juntou aos resultados da abertura de comércios pelo mundo e incentivos econômicos, que têm aumentado a liquidez no mercado financeiro.
Nesta segunda, as bolsas dos Estados Unidos deram seguimento ao rali da semana passada e fecharam em alta. O índice S&P 500 encerrou em alta de 1,20%. Já a Nasdaq, bolsa das empresas de tecnologia, bateu o recorde de fechamento, com alta de 1,13%.
Carlos Oliveira, assessor de investimentos da Miura Investimentos, explica que o otimismo global interfere na bolsa brasileira de forma muito positiva. Segundo ele, a alta de hoje, à exemplo das anteriores, apoia-se principalmente na grande liquidez do mercado devido aos planos econômicos anunciados por Bancos Centrais pelo mundo.
"Existe muita liquidez, BCs fazendo planos de ajuda. Isso gera um conforto no mundo e a gente sabe que quando passar essa crise, quando a economia voltar a rodar, esse dinheiro vai ser transformado em imóveis ou ações. Temos uma fase de recuperação. Pela quantidade de dinheiro e movimento de entrada na bolsa, isso parece irracional. Mas há muita liquidez, então os investidores resolveram comprar o risco dos países emergentes. No entanto, ainda não é possível afirmar afirmar que o pior já passou", afirma ele.
O especialista explica que os dados de empregos nos EUA impactam nos resultados de todo o mundo devido à globalização do mercado financeiro. Para Oliveira, a geração de novos empregos manda uma mensagem de que os americanos superaram a crise e não tiveram grandes perdas. "Uma crise como essa que parou o mundo por dois, três meses, não é possível que não tenha sequelas. No entanto, a notícia foi positiva porque indica que o pior já passou. Por isso repercutiu positivamente aqui. Mas não podemos esquecer que o conceito de emprego lá é totalmente diferente daqui. Lá tem mais flexibilidade de contratação e demissão, com acordos coletivos", explica.
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O assessor de investimentos ainda afirma que a queda do dólar está ligada ao alinhamento do governo federal com a área econômica. Segundo ele, a autonomia de Paulo Guedes causa uma sensação de tranquilidade no mercado. "O câmbio exagerou nos R$ 5,80 e está voltando para um patamar razoável. Hoje, começa a ter uma calmaria e pensa-se que o pior já passou. O câmbio reflete muito o alinhamento do governo com o ministro da Economia. Vemos interferência nos ministérios da Educação, Saúde, mas ninguém bate na área econômica. A tranquilidade de Paulo Guedes dá segurança no mercado. Nesse ritmo, o dólar deve estacionar em R$ 4,60", opina Carlos.
*Estagiário sob a supervisão de Vicente Nunes