Mesmo diante do alto grau de concentração bancária e das queixas dos empresários de que está difícil obter empréstimos durante a pandemia do novo coronavírus, o Banco Central (BC) elevou a perspectiva para o mercado de crédito neste ano. A projeção é que o estoque de crédito, agora, cresça 7,6% em 2020 e não mais 4,8%, como previsto anteriormente.
A nova perspectiva para o mercado de crédito brasileiro consta no Relatório de Economia Bancária de 2019, divulgado ontem pelo BC. Segundo o relatório, o volume de crédito deve aumentar, refletindo a busca de recursos pelas empresas, diante da redução dos fluxos de caixa. O movimento também está influenciado pelos efeitos das medidas do governo que procuraram reduzir os danos econômicos causados pela epidemia da covid-19.
Apesar dos maiores riscos que o mercado apresenta neste momento, com retração da economia e elevação das incertezas no país e no exterior, os principais bancos brasileiros acreditam que o estoque de crédito vai crescer mais do que o previsto no início da pandemia. As instituições financeiras ouvidas pelo BC projetam crescimento no saldo do crédito para as empresas. No caso de pessoas físicas, contudo, houve uma redução brusca das expectativas. Segundo o BC, as instituições reduziram de 12% para 6,2% a perspectiva de crescimento dos empréstimos às famílias. A queda foi motivada, sobretudo, pelas projeções do crédito habitacional, que deve cair 0,3% neste ano, de acordo com os bancos.
Além disso, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, afirmou que a crise deve reverter a tendência de queda das taxas de inadimplência e de juros, que ocorria desde 2017. “Estávamos em recuperação de uma recessão e, agora, entramos em outra recessão", argumentou. (MB)