Economia

CNI identificou 17 novas barreiras comerciais na pandemia

Barreiras dificultam a venda dos produtos brasileiros no mercado internacional, sobretudo na China, Argentina, Índia, México e Arábia Saudita

A indústria brasileira registrou um tombo recorde em abril, devido ao fechamento das fábricas e à redução do consumo das famílias na pandemia do coronavírus. Porém, não está enfrentando problemas apenas no mercado doméstico. Levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que o número de barreiras comerciais encontradas pelos produtos brasileiros no mercado internacional também cresceu junto com a covid-19. Foram 17 novas barreiras só entre março e maio deste ano.

Segundo a CNI, essas barreiras foram cadastradas pelo setor produtivo no Sistema Eletrônico de Monitoramento de Barreiras às Exportações (SEM Barreiras) do governo federal. E a maior parte delas diz respeito a subsídios oferecidos pelo governo da China. Subsídios que, segundo a CNI, tendem a reduzir os preços de produtos chineses, dificultando a competição no mercado internacional de itens como borracha, materiais elétricos e produtos metalúrgicos. Ainda foram identificadas barreiras à importação de veículos e plásticos na Argentina e à importação do couro brasileiro na Índia, além do aumento das tarifas para a importação da carne de frango brasileira na Índia, México e pela Arábia Saudita.

Diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Eduardo Abijaodi diz, contudo, que não é possível dizer que todas essas barreiras são um reflexo do coronavírus. Afinal, os governos podem incentivar seus produtos independentemente da crise. O Ministério da Economia reforça que algumas dessas barreiras foram reportadas agora, mas se referem a medidas já vigentes antes da pandemia.

Abijaodi pontua, contudo, que a retração registrada pelo fluxo internacional de comércio diante da pandemia do coronavírus tende a deixar o mercado internacional ainda mais acirrado. Afinal, muitos países sairão dessa crise mais pobres, tentando proteger e incentivar suas economias. "O mercado internacional e a sua capacidade de absorve produtos ficou menor. Então, vai haver mais agressividade e mais competitividade. E o Brasil pode ter um problema inicial, por conta da falta de competitividade da indústria", reconhece. 

Saiba Mais

O que a CNI espera, então, é que o governo use os dados do SEM Barreiras para melhorar a articulação com os demais agentes do mercado internacional e, assim, tentar reduzir essas barreiras comerciais. Os dados da plataforma, contudo, também indicam que só 10% das 70 barreiras registradas pelo setor produtivo desde 2018 foram solucionadas até agora.

Procurado, o Ministério da Economia alegou que nem todas as barreiras apontadas pelos empresários são ilegítimas, ou seja, desrespeitam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). E acrescentou que, muitas vezes, "a sua resolução não depende unicamente do governo brasileiro". "Para se solucionar eventuais entraves às exportações, é necessária negociação com o parceiro comercial, o que pode tomar tempo, ou, como último recurso, a abertura de um contencioso na OMC", afirmou a pasta.